Uma equipe de cientistas de universidades e centros de pesquisa norte-americanos, além de modelar a atmosfera de Marte, teve a preocupação de tentar acalmar os receios de que a intervenção humana possa contaminar os ecossistemas marcianos.
Água salgada em Marte
O estudo foi publicado em 11 de maio na revista Nature e analisado pelo portal científico Phys.org, e apurou que, devido às baixas temperaturas e condições extremamente secas de Marte, uma gota de água líquida em sua superfície congelaria, ferveria ou evaporaria instantaneamente, a menos que a gota tivesse sais dissolvidos na mesma.
Em água com alto teor salino, a elevada concentração de sais retardaria ou mesmo impediria o congelamento, e evaporaria mais lentamente do que a água líquida pura.
"Nossa equipe analisou regiões específicas de áreas de Marte onde a temperatura da água líquida e os limites de acessibilidade poderiam possivelmente permitir que organismos terrestres se replicassem, para entender se essas regiões poderiam ser habitáveis", afirmou Alejandro Soto, coautor do estudo, citado pelo portal.
"Utilizamos informações climáticas marcianas tanto de modelos atmosféricos quanto de medidas efetuadas por naves espaciais, desenvolvendo um modelo para prever onde, quando e por quanto tempo água com elevado teor salino poderia ser estável na superfície e no subsolo pouco profundo de Marte", especificou o cientista.
As condições hiperáridas de Marte exigem temperaturas mais baixas para atingir altas umidades relativas e atividades de água toleráveis, que são índices da maior ou menor possibilidade de hidratação pela água.
A temperatura mínima esperada da salmoura em Marte é de – 48,33 ºC, bem no limite teórico para a vida útil.
Clima modelado
Se a água líquida pura é instável na superfície marciana, modelos mostraram que soluções estáveis de água saturadas de sal podem se formar e persistir desde o equador até altas latitudes na superfície de Marte por alguns períodos até seis horas consecutivas, uma faixa mais ampla do que se pensava anteriormente.
"Mesmo a vida extrema na Terra tem seus limites, e descobrimos que a formação de salmoura a partir de alguns sais pode levar a água líquida a mais de 40% da superfície marciana, mas apenas sazonalmente, durante cerca de 2% do ano marciano. Ora isso excluiria a vida como a conhecemos", opinou Soto.
"Estes novos resultados reduzem parte do risco de explorar Marte, ao mesmo tempo que contribuem para os trabalhos futuros sobre o potencial de habitabilidade em Marte", ao diminuírem as possibilidades de contaminação futura e amenizando as ameaças relacionadas à exploração da superfície marciana, concluiu Soto.