Donald Trump, o presidente norte-americano, diz não estar aberto a novas negociações sobre o acordo comercial, segundo o jornal South China Morning Post. "Nem um bocadinho, não. Eu não estou interessado", respondeu.
"Nós assinamos um acordo. Eu também tinha ouvido isso, [que] eles gostariam de reabrir as negociações comerciais para fazer um acordo melhor para eles", comentou o presidente dos EUA em uma coletiva de imprensa na Casa Branca.
Em referência a uma matéria do jornal Global Times, o jornalista da Reuters que fez a pergunta a Donald Trump assegurou que no governo chinês surgiram "falcões" que desejam novas negociações e pretendem responder diretamente à escalada de acusações por parte dos EUA sobre a COVID-19.
"Após assinarem a primeira fase do acordo, os EUA intensificam as medidas punitivas em outras áreas, como tecnologia, política e ações militares contra a China. Portanto, se não recuarmos nas questões comerciais, os EUA podem ficar encurralados", observou um conselheiro comercial do governo chinês.
Trump afirmou que a China tem se beneficiado durante décadas com a política benévola dos presidentes norte-americanos, os quais "permitiram que isso acontecesse".
"Vamos ver se eles [a China] cumprem o acordo que assinaram", acrescentou.
Conflitos comerciais
Depois de uma guerra comercial em 2018 e 2019, no final do último ano as duas maiores economias do mundo concluíram a "fase um" de um acordo comercial, que foi assinado em janeiro de 2020.
Os EUA acordaram em baixar para metade (7,5%) as tarifas aplicadas a mercadorias chinesas no valor de US$ 120 bilhões (R$ 698,3 bilhões), e cancelaram tarifas propostas no valor de US$ 155 bilhões (R$ 901,8 bilhões), mantendo no entanto uma taxa de 25% sobre produtos no valor de US$ 250 bilhões (R$ 1,45 trilhão).
Em troca, a China garantiria a compra durante dois anos de produtos norte-americanos em um valor superior a US$ 200 bilhões (R$ 1,16 trilhão), abrangendo artigos manufaturados, produtos e serviços energéticos e produtos agrícolas.
Trump ameaçou sair do acordo se a República Popular da China não cumprisse os compromissos assinados. Anteriormente, o presidente dos EUA havia abandonado unilateralmente o Acordo de Paris de 2017 sobre mudanças climáticas e, em 2018, o acordo nuclear com o Irã.