13 de maio sem peregrinos: pela 1ª vez na história, santuário de Fátima fica vazio na data

© AP Photo / Armando FrancaCelebrações do 13 de maio em Fátima são realizadas sem a presença de peregrinos, por causa da pandemia, pela primeira vez na história
Celebrações do 13 de maio em Fátima são realizadas sem a presença de peregrinos, por causa da pandemia, pela primeira vez na história - Sputnik Brasil
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As medidas de segurança contra a propagação do novo coronavírus afetam uma das celebrações católicas mais tradicionais do mundo. Nesta quarta-feira, 13 de maio, pela primeira vez em mais de cem anos, o santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, está sem peregrinos celebrando a aparição da santa.

Com o avanço da pandemia, todas as celebrações religiosas dentro de recintos fechados foram suspensas no país e só devem ser retomadas no fim deste mês. O anúncio do cancelamento da peregrinação à Fátima foi feito ainda no início do mês de abril. Pelo menos 180 grupos, de diversos países, já tinham se cadastrado para marcar presença em Fátima, fora os cerca de 30 mil peregrinos que fazem os caminhos a pé por dentro de Portugal.

"Pelo fato de as missas terem deixado de acontecer, era normal que um encontro como o que acaba por acontecer em Fátima fosse cancelado ou transformado em uma coisa diferente. A Igreja foi sensata, existem muitas pessoas de idades mais velhas. Não é fácil, mas temos que aceitar", diz à Sputnik Brasil Rodrigo Cerqueira, presidente da Associação de Amigos dos Caminhos de Fátima.

Mesmo sem a presença física dos peregrinos, que ano a ano ultrapassam a capacidade de 300 mil pessoas da área externa do santuário, toda a programação da data é realizada, com transmissão ao vivo das principais celebrações pela Internet. A missa da manhã do dia 13 teve a tradicional procissão da imagem de Nossa Senhora acompanhada pelas poucas pessoas autorizadas a entrar, como membros da Igreja, representantes de entidades sociais e imprensa.

O apelo aos fiéis foi para que fizessem uma "peregrinação pelo coração". Guia de peregrinos, a jornalista Maria Alice Campos levaria um grupo de brasileiros pelo caminho a pé de Lisboa à Fátima. "Nos sentimos tristes por não estar no caminho, mas temos esperança que logo poderemos voltar. Isso nos coloca numa posição de aprender a peregrinar com o coração, com o nosso pensamento, nossa mente, e acho que isso também é uma forma de fortalecimento da fé", conta à Sputnik Brasil.

De casa, a jornalista começou uma programação de lives pelas redes sociais, compartilhando detalhes sobre as caminhadas e curiosidades sobre as cerimônias. "Nós estamos a aprender a lidar com a tecnologia também para peregrinar, para fazer atividades nem só de cunho religioso, mas também espiritual", diz.

© Foto / Arquivo pessoal / Maria Alice CamposCelebração do 13 de maio em 2018, com a área externa do santurário de Fátima lotada
13 de maio sem peregrinos: pela 1ª vez na história, santuário de Fátima fica vazio na data - Sputnik Brasil
Celebração do 13 de maio em 2018, com a área externa do santurário de Fátima lotada

Retorno dos peregrinos

De acordo com o último boletim das autoridades de saúde, Portugal registra 1.175 mortes pela COVID-19 e tem 28.132 casos confirmados da doença. O país começou um plano de desconfinamento no último dia 4, depois de quase dois meses com estado de emergência em vigor.

Nesta terça-feira (12), o bispo da região de Fátima afirmou, em coletiva com jornalistas, que a reabertura do santuário para peregrinação e também a retomada das missas vão ser feitas por fases. O religioso disse que espera ter algum fluxo de peregrinos já no mês de agosto, "sobretudo em outubro", em referência à celebração da última aparição de Nossa Senhora.

Mesmo com o retorno das atividades, a expectativa é de alterações na rotina dos peregrinos, analisa o presidente da Associação de Amigos dos Caminhos de Fátima. "Penso eu que até setembro as pessoas já devem saber lidar um pouco melhor com a pandemia. Vai mudar muita coisa. Em relação aos albergues, não será apenas chegar e dormir. Vai ter de haver outras regras, mas pelo menos o fato de poderem ir pelo caminho já vai fazer uma diferença grande. Em setembro vamos poder olhar para as coisas com alguma aprendizagem", diz Rodrigo Cerqueira.

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