O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública afirma que o presidente o pressionou por mudanças com fins políticos na Polícia Federal (PF) durante a reunião. Já Bolsonaro nega as acusações.
Após a saída de Moro do cargo, o STF abriu inquérito para apurar as afirmações do ex-juiz da Lava Jato. A relatoria é do ministro Celso de Mello e foi em resposta a este inquérito que a AGU enviou transcrições da reunião ministerial.
Em um primeiro trecho, o presidente fala sobre a produção de informação do governo:
"Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente... temos problemas... aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da... da... da... porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois... depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque enchou os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: 'a questão estatégica'. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso - todos - é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade."
Já em outra passagem, Bolsonaro tece comentários sobre o Rio de Janeiro. De acordo com a AGU, esta intervenção presidencial ocorreu em outro momento da reunião, após a fala mencionada acima.
"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira".
A AGU defende que sejam tornados públicos apenas trechos do vídeo da reunião com as falas de Bolsonaro, enquanto a defesa de Moro argumenta que a íntegra do material deve ser divulgada.