Na quinta-feira (14), a Sputnik se reuniu com o ex-presidente da Colômbia e ex-secretário geral da UNASUL para debater os efeitos da pandemia na América do Sul.
"É deprimente o tratamento que Trump tem dado ao vírus, fazendo pouco caso dos mortos no seu país, assim como as declarações de Bolsonaro, que parece não se dar conta de que o Brasil está se tornando o epicentro da pandemia", lamentou Samper.
Samper acredita que o presidente dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, se utilizam da pandemia para atingir fins políticos.
"Trump usa a pandemia para a sua reeleição, e Bolsonaro para consolidar seu projeto político oligárquico, de uma maneira absolutamente desumana e cruel", disse Samper.
O ex-secretário geral da UNASUL ainda notou os casos da Bolívia, "que usa o coronavírus para adiar as eleições" e do Chile, que "mudou a data do plebiscito", marcado para atender às demandas da jornada de manifestações no país, em 2019.
Para Ernesto Samper, caso particularmente grave é o da Colômbia, país que governou entre 1994 e 1998.
"A Colômbia se utiliza [do novo coronavírus] para justificar o não cumprimento de acordos de paz", denunciou.
Para ele, há perigo sem precedentes de conflito armado entre a Colômbia e a Venezuela.
"A política colombiana tem sido muito agressiva em relação à Venezuela, país com o qual temos 2.500 quilômetros de fronteira. [A Colômbia] apoiou um suposto golpe que terminou em um episódio folclórico e, neste mês, apoiou uma invasão de mercenários", disse o ex-presidente colombiano.
Nesta sexta-feira (15), Ernesto Samper participará do V Encontro do Grupo de Puebla, que contará com palestra do economista laureado com o Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz.