O mais recente ataque à embaixada de Cuba nos Estados Unidos parece não ser um caso isolado, mas apenas mais um na série de ataques que atingem Cuba há 60 anos. O Centro de Pesquisas Históricas da Segurança do Estado (CIHSE) registrou um total de 581 ataques contra representações cubanas no exterior desde 1959.
Segundo o CIHSE, este número incluiu ataques a representações cubanas em 41 países, deixando um total de 217 cubanos e 36 cidadãos estrangeiros mortos como resultado dos ataques.
A lista completa de incidentes é publicada pelo portal Cubadebate e alguns dos mais importantes são descritos aqui.
A explosão de La Coubre
Um navio a vapor de origem francesa foi sabotado em 4 de março de 1960 quando descarregava armas e munições no porto de Havana. Duas explosões a bordo tiraram a vida de cerca de 100 pessoas e deixaram pelo menos 200 feridos.
As autoridades cubanas chamaram essas explosões de ato terrorista e acusaram a CIA de organizá-las. Desta forma o país norte-americano poderia ter tentado interromper o fornecimento de armas e munições a Cuba a partir de países terceiros.
Seu objetivo final teria sido deixar o Estado insular indefeso contra uma ofensiva orquestrada a partir de Washington, que em abril de 1961 se materializou na invasão da Baía dos Porcos.
O incidente do Voo 455
Em 6 de outubro de 1976, duas bombas explodiram a bordo do avião Douglas DC-8 pertencente à companhia aérea Cubana enquanto o avião fazia o Voo 455 entre a ilha de Barbados e a Jamaica.
Cerca de 73 pessoas morreram em consequência desse ataque. Entre eles estavam 24 integrantes da seleção nacional juvenil de esgrima, que estavam retornando a Cuba após conquistarem todas as medalhas de ouro no Campeonato da América Central e Caribe.
As provas apresentadas posteriormente implicaram vários indivíduos antirrevolucionários que supostamente teriam ligações com a CIA. Assim, o incidente teve rapidamente implicações políticas depois que o governo cubano acusou os Estados Unidos de ser cúmplice do desastre do avião.
Nesse mesmo ano, as autoridades de Caracas prenderam o cubano naturalizado venezuelano Luis Posada Carriles por ser um dos autores intelectuais desse ataque. Após várias tentativas de fuga, ele finalmente conseguiu escapar em 1985 e se mudou clandestinamente para a América Central, onde continuou suas operações contra o Estado cubano.
No entanto, Carriles foi posteriormente condenado pelo sistema judicial de Panamá a oito anos de prisão por ter participado de uma conspiração cujo objetivo era tentar matar o presidente cubano Fidel Castro. O ataque seria implementado durante a 10ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, marcada para 17-18 de novembro de 2000.
O presidente norte-americano George W. Bush foi forçado a usar toda sua influência para pressionar a presidente do Panamá, Mireya Moscoso, a perdoar Carriles alguns dias antes do final de seu mandato. Como resultado, em 2004 Luis Posada Carriles pôde se refugiar nos Estados Unidos são e salvo e entrou para o Exército dos EUA.
O dissidente cubano viveu nos Estados Unidos até sua morte, em 23 de maio de 2018, em um asilo da Administração Nacional de Veteranos. Durante todos esses anos, Washington se recusou a extraditá-lo para Cuba e Venezuela para que pudesse ser julgado por crimes cometidos nesses países.
Em 2005, a CIA desclassificou documentos que indicavam que a agência norte-americana tinha informações sobre planos terroristas para atacar um avião da companhia aérea Cubana. Por sua vez, o opositor do governo cubano e ex-agente da CIA Luis Posada Carriles negou qualquer envolvimento pessoal no ataque.
Explosões em hotéis de Havana
Em 4 de setembro de 1997, o salvadorenho Raúl Ernesto Cruz León detonou bombas nos hotéis Tritón, Copacabana e Chateau Miramar, em Havana, Cuba. A explosão em Copacabana resultou na morte do turista italiano Fabio di Celmo.
Raúl Ernesto Cruz León foi recrutado e enviado a Cuba pelo terrorista salvadorenho Francisco Antonio Chávez Abarca (considerado o braço direito de Luis Posada Carriles) para cometer uma série de atentados na ilha.
Chávez Abarca estaria organizando uma rede de terroristas na América Central em nome da Fundação Nacional Cubano Americana (CANF, na sigla em inglês), que se estabeleceu na Flórida, EUA, em 1981. Seu objetivo era organizar atentados com bomba nas instalações turísticas de Cuba para afetar sua economia.