O que significa descoberta de carbono na Lua?

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Antes se acreditava que o material não estava presente no satélite da Terra, mas sua descoberta por cientistas japoneses os levou a teorizar diferentes cenários de como a Lua se formou.

A inesperada detecção por cientistas japoneses de emissões de íons de carbono em toda a superfície da Lua não corresponde à hipótese de formação do satélite pela colisão da Terra com outro planeta, disse à Sputnik um dos participantes de um projeto conjunto, Masaki Matsushima do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias do Instituto de Tecnologia de Tóquio, Japão.

Segundo ele, existem várias teorias sobre como a Lua surgiu há 4,5 bilhões de anos, entre elas, a divisão da Terra, a formação conjunta da Terra e da Lua, a captura gravitacional e também a hipótese dominante do "grande impacto".

No início deste mês, um grupo de cientistas de vários centros de pesquisa japoneses havia analisado dados obtidos pelo satélite japonês Kaguya e anunciado a descoberta por toda a Lua de íons de carbono, que são considerados elementos voláteis.

"Acreditava-se que outrora havia um oceano de magma na Lua, com base na análise de amostras de rochas. Mas se tivesse havido um oceano de magma, os elementos voláteis teriam desaparecido, o que não é consistente com a hipótese do grande impacto", enfatizou Matsushima.

Teoria anterior seria contestada

Como se sabe, a Terra e a Lua têm uma composição semelhante da crosta, o que sugere que se formaram praticamente do mesmo material.

"Tanto quanto sei, um grande impacto só por si não pode ter levado a uma formação semelhante da Lua e da Terra, o que foi sugerido por uma série de simulações matemáticas. Existem outras hipóteses, como a colisão lenta, colisões múltiplas, etc.", explicou o cientista.

Os dados sobre o campo magnético da Lua foram obtidos usando o Magnetômetro da Lua (LMAG, na sigla em inglês) a bordo da sonda Kaguya, disse ele.

© Sputnik / Vladimir SergeevImagem da Lua durante o eclipse lunar
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Imagem da Lua durante o eclipse lunar

"Eles sugerem que o raio do núcleo lunar é inferior a 400 quilômetros e que o dínamo lunar produziu um campo magnético que se preservou sob forma de anomalias magnéticas na crosta lunar", disse Masaki Matsushima.

Outro participante do projeto baseado nos dados da sonda Kaguya, Shouichiro Yokota, um cientista da Universidade de Osaka, Japão, disse à Sputnik que o modelo anterior da origem da Lua através de um grande impacto não previa a existência nela de elementos voláteis, como água e carbono, no momento de seu aparecimento, a chamada "teoria seca".

"A nova teoria sugere que até certo ponto havia elementos voláteis na Lua. Com o desenvolvimento da tecnologia informática surgiram modelos de colisão que admitem a presença de elementos voláteis. Nossa descoberta pode proporcionar uma oportunidade de reconsiderar a origem e evolução da Lua do ponto de vista da nova teoria", apontou Yokota.

Segundo a teoria vigente, durante uma colisão em torno dos corpos celestes se forma um disco planetário de detritos fundidos.

"Esperamos que a teoria anterior de um grande impacto seja a teoria de uma colisão gigante 'crua'. Ela prevê uma estrutura complexa do disco, em que as partes superiores eram dominadas por elementos mais pesados", disse o cientista.

Choque com outro planeta?

Shouichiro Yokota ainda acredita na hipótese do "grande impacto", tendo como base as muitas evidências de observações e conclusões teóricas.

"Também acredito que a sinestesia da Terra [massa da rocha vaporizada] devido à colisão gigante poderia ter permitido uma série de elementos voláteis também na Lua", explicou Yokota.

Kazushi Asamura, pesquisador do Instituto de Pesquisas Espaciais e Astronômicas da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA, na sigla em inglês), também acredita que a teoria mais provável é a de um "grande impacto".

© Foto / RGANTDUma das primeiras fotos do lado oculto da Lua tiradas pela estação Soviética Luna-3
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Uma das primeiras fotos do lado oculto da Lua tiradas pela estação Soviética Luna-3

Segundo disse à Sputnik, "existem alguns modelos de colisão gigante que admitem elementos leves" na Lua. "Não estamos falando de matéria gasosa, claro, eles podem estar no solo sob forma de átomos e moléculas", explicou.

Nivelamento das teorias

Hidetoshi Shibuya, outro participante do estudo conjunto do carbono na Lua e membro do Departamento de Pesquisas da Terra e Meio Ambiente da Universidade de Kumamoto, Japão, explicou a importância da descoberta.

"Todas as teorias em planetologia são especulativas para mim. Por isso, o que encontramos não é importante por contradizer a teoria padrão, mas por que surgiu um fato novo para explicar qualquer teoria [sobre a origem da Lua]", disse Hidetoshi Shibuya à Sputnik.

Os cientistas japoneses acreditam que o carbono que encontraram na Lua tenha tido um impacto significativo na formação e desenvolvimento dos planetas, mas antes se acreditava que o material não existia no satélite da Terra.

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