Se os militares americanos tivessem estudado de forma apropriada a situação no Afeganistão e no Iraque, as campanhas militares dos EUA em ambos os países poderiam ter sido mais "bem-sucedidas", de acordo com o major-general William Mullen.
O oficial, responsável por supervisionar o treinamento dos fuzileiros dos EUA, teve participação considerável na elaboração de uma nova doutrina de preparo dos fuzileiros americanos, publicou o Military.com.
A doutrina, expressa em um documento de 81 páginas, traz consigo nova cultura de aprendizado baseada em erros cometidos por fuzileiros durante suas carreiras nas guerras mais longas dos EUA.
Um desses erros teria sido a retomada da cidade iraquiana de Fallujah por "insurgentes" após a invasão americana ao país em 2003. No ano seguinte, a cidade foi mais uma vez conquistada pelos soldados dos EUA, mas em seguida caiu nas mãos do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países).
"A parte frustrante é que tivemos problemas semelhantes no Iraque e no Afeganistão, e eu fico pensando comigo 'nós de fato aprendemos muito'", publicou a mídia citando as palavras de Mullen em um de seus livros.
Também a percepção dos militares do conflito inicialmente não teria coincidido com a realidade em ambos os países.
"Muitas pessoas foram para lá com uma visão em sua cabeça do que elas queriam fazer, o tipo de combate que queriam combater, apesar da realidade no terreno. Algumas pessoas diriam que a mesma coisa está acontecendo no Afeganistão", declarou o general.
Doutrina de quatro capítulos
O documento está dividido em quatro capítulos que se concentram na figura do combatente.
Ele inclui seções de resolução de problemas, expectativas profissionais, criação de bons ambientes de estudo e o papel que os líderes têm na promoção do estudo profissional através de seu exemplo.
Falando com jornalistas sobre o tema, Mullen disse que o ambiente operacional e os desafios que os fuzileiros vão ter serão mais complicados, exigindo dos militares não só bom preparo para o combate, mas uma boa educação para pensarem melhor sobre como lidar com situações inesperadas, publicou o portal USNI News.
O militar também incentiva os fuzileiros americanos a lerem mais livros, como parte de seu treinamento profissional, para o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais que serão necessárias em um cenário de guerra moderno.
Além disso, os fuzileiros não deveriam somente contar com armamentos de ponta, visto que estes são fáceis de fazer ou adquirir, mas manter a vantagem intelectual, segundo Mullen.