Em artigo assinado por ela publicado no jornal O Estado de S.Paulo, Regina comentou sua breve passagem pelo cargo e a entrevista concedida para a rede CNN Brasil, que gerou muitas críticas contra ela.
"Amo meu país, sim, e tenho deixado isso sempre bem claro, a ponto de, numa recente entrevista à TV, ter cantado a conhecida marchinha dos anos 70, que fala de 'todos ligados na mesma emoção'. Nada a ver com defesa da ditadura, como quiseram alguns, mas com o sonho de brasilidade e união que venho defendendo ao longo de toda a minha vida", disse a atriz.
A marcha cantada por ela é "Pra Frente Brasil", jingle para a campanha da seleção brasileira rumo ao tricampeonato na Copa do México, que foi muito usada pelo regime militar na época em que a ditadura vivia um dos seus períodos mais duros. Durante a entrevista para a CNN Brasil, a atriz evitou comentar sobre a censura e os mortos durante os governos militares.
'Veneno destilado nas redes'
"E me desculpo se, na mesma ocasião, passei a impressão de que teria endossado a tortura, algo inominável e que jamais teria minha anuência, como sabem os que conhecem minha história. Dito isso, não será o veneno destilado nas redes sociais que me fará silenciar nem renegar amor à minha pátria", afirmou.
Sobre a censura, lembrou seu papel como Viúva Porcina na novela "Roque Santeiro", baseada na obra de Dias Gomes e exibida em 1985, época da redemocratização no Brasil.
"Nos anos 80, na pele da Viúva Porcina e integrante do elenco da novela 'Roque Santeiro', enfrentei a censura nos primórdios da redemocratização. Fui aplaudida", afirmou.
"Duas décadas mais tarde, não me abstive de alertar a sociedade sobre a ameaça que representaria para o País um governo de matiz notoriamente socialista. Fui vaiada", acrescentou Regina, que deixou o cargo na última quarta-feira (20).
'Posição intermediária'
Além disso, a atriz defendeu sua passagem pela Secretaria de Cultura, afirmando que sofreu críticas da "esquerda" e da "direita", que a colocaram "numa posição intermediária dessa régua imaginária".
Ela lamentou uma "ação coordenada de apedrejar uma pessoa que, há mais de meio século, vem se dedicando às artes e à dramaturgia", e disse que aceitou o cargo para "enfrentar interesses entrincheirados em ideologias cujo anacronismo não parece suficiente para sepultá-las".