Na quarta-feira (27), Moraes determinou ações contra blogueiros, políticos e empresários ligados ao que o ministro do Supremo chamou de "gabinete do ódio". Foram determinados 29 mandatos de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.
Os empresários Luciano Hang, Edgard Corona, Otávio Fakhoury e o humorista Rey Bianchi tiveram o sigilo bancário e fiscal quebrados por ordem do ministro do Supremo por conta da suspeita de estarem financiando um esquema de notícias falsas.
"Assim que puder voltar a trabalhar, a CPI das fake news se fortalece dentro desse contexto da operação autorizada por Alexandre de Moraes", afirma o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Ricardo Ismael.
Antes de bater na porta de nomes ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a PF apreendeu o celular e computador do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A "Operação Placebo" tem como objetivo investigar possíveis desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de coronavírus.
Ismael não acredita que a PF tenha atuado de forma partidária para beneficiar Bolsonaro, hipótese levantada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro ao pedir demissão. O professor da PUC-Rio ressalta que a operação foi realizada após autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
"A repercussão eleitoral disso ainda é difícil mensurar, mas é evidente que, no caso do governador do Rio, Wilson Witzel, tem aí uma ação que termina atingindo um adversário do Bolsonaro. Ou seja, nos últimos tempos, principalmente agora durante a pandemia, houve sempre uma posição muito contrária do governador do Rio em relação ao Bolsonaro. Bom, o enfraquecimento político dele pode, de alguma maneira, favorecer Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, a gente vai ver isso nas eleições municipais desse ano", diz Ismael.