Cientistas russos precisam de oito a dez amostras de solo de diferentes áreas da Lua para determinar com precisão a história da origem do satélite natural da Terra, disse à Rádio Sputnik o chefe do Laboratório de Geoquímica da Lua e Planetas do Instituto de Geoquímica e Química Analítica da Academia de Ciências Russa, Yevgeny Slyuta.
"A Rússia quer enviar um robô, é mais seguro, mais barato e mais confiável", revelou Slyuta.
"Não se fazem análises precisas no terreno. O estudo da composição isotópica é uma análise muito sensível. Só a preparação para isso leva vários meses", adverte o diretor científico.
Uma das amostras de solo, espera o cientista, será entregue pela estação lunar russa Luna-28.
Teorias de origem da Lua
Segundo ele, no mundo existem agora dois principais modelos de formação da Lua: a hipótese proposta pelos norte-americanos de colisão com a Terra de outro corpo celeste e a hipótese russa da origem paralela da Lua e da Terra. Mas elas só podem ser confirmadas com as amostras lunares na própria Terra, de acordo com o cientista.
O cientista lembrou que a ideia da formação conjunta da Terra e da Lua foi proposta originalmente pelo filho de Charles Darwin no início do século XX.
Segundo ele, a hipótese norte-americana de colisão com a Terra de outro corpo celeste simula bem a formação da Lua, mas não explica a diferença na composição dos dois corpos celestes. A hipótese de formação conjunta da Lua e da Terra defendida pela Rússia tem suas lacunas, mas é mais consistente em termos da composição da matéria da Lua e da Terra, diz.
"Dados recentes confirmam nossa hipótese", afirma.
O pesquisador principal do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia, Natan Eismont, contou à Rádio Sputnik que as amostras de solo poderiam ser obtidas em um futuro próximo.
"São planejados voos concretos dentro de uma década. O principal objetivo é coletar amostras de solo de áreas aonde nunca foi nenhuma nave espacial. A maioria das áreas de interesse estão nos polos, começando pelo sul. Isso permitirá compreender a origem da Lua e do sistema Lua–Terra", prevê.
Yevgeny Slyuta considera que nenhuma das hipóteses está realmente confirmada, e que as sondas espaciais, de preferência robôs, são a única forma de o realizar.