No domingo (31), capitais como São Paulo e Rio de Janeiro tiveram atos com bandeiras contrárias ao presidente da República. Essas manifestações marcam uma inflexão já que nas últimas semanas as ruas foram uma exclusividade de apoiadores de Bolsonaro. O presidente, inclusive, costuma frequentar manifestações de apoio ao seu governo e de ataques a outros poderes, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em São Paulo, houve repressão. A Polícia Militar dispersou o ato contrário ao presidente com bombas de efeito moral. Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Paulo Baía, a PM foi "gentil" com os apoiadores de Bolsonaro e agiu com força desproporcional com os seus críticos.
"Eu avalio que vamos ter uma escalada [nos protestos] sim, um aumento do número de manifestações no país. Pois até então só os apoiadores de Bolsonaro estavam se manifestando, agora os manifestantes contra Bolsonaro estão se organizando", diz Baía à Sputnik Brasil.
Após o conflito entre PM e manifestantes na Avenida Paulista, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que atos a favor e contra Bolsonaro não poderão acontecer no mesmo dia e local.
"Tudo que nós não precisamos neste momento é de confronto. O confronto não fortalece a democracia, ao contrário, enfraquece. E justifica, lamentavelmente, o discurso autoritário daqueles que pretendem retomar a ditadura no Brasil e desejariam justificar por confrontos públicos em ruas, praças e avenidas a necessidade de intervenção militar", afirmou Doria.
Bolsonaro, por sua vez, pediu aos seus apoiadores que evitem manifestações no próximo domingo (7).
Baía acredita que é importante evitar um "acirramento dos ânimos" que pode levar a um cenário de "violência generalizada", mas ressalta que é legítimo o aumento das manifestações.
"A escalada das manifestações não preocupa porque se as manifestações tiverem, mesmo que tensas, um nível de violência baixo, elas são importantes pela defesa das posições que estão sendo disputadas hoje", diz o professor da UFRJ.