"O Brasil no governo Bolsonaro não podia estar verdadeiramente preparado para assumir os novos padrões de direitos dos trabalhadores e proteções ambientais estabelecidos no Acordo EUA-México-Canadá", afirmou a carta divulgada nesta quarta-feira (3).
Os legisladores democratas acrescentaram que se opõem a qualquer tipo de cooperação econômica ampliada com Bolsonaro, citando seu desrespeito aos direitos humanos, aos direitos dos trabalhadores e ao meio ambiente.
"Nós nos opomos fortemente a perseguir qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil. O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil nesse momento minaria os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais do Brasil para avançar no Estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas", acrescentaram.
"Em vez disso, pedimos que você [Lighthizer] resolva esses problemas de maneira agressiva, usando as ferramentas de fiscalização dos EUA e levantando-as com seus colegas brasileiros por meio de outros canais mais apropriados", completaram os parlamentares democratas.
Desde o início do seu governo, Bolsonaro vem tentando se aproximar cada vez mais ao governo do presidente republicano Donald Trump, ao mesmo tempo que coleciona polêmicas e episódios diplomáticos com o seu principal parceiro comercial, a China.
Tanto Bolsonaro quanto o chanceler brasileiro Ernesto Araújo já declararam torcer pela reeleição de Trump no pleito de novembro – um movimento repudiado por analistas –, em um momento em que a vitória contra o democrata Joe Biden não parece assegurada.
A percepção do governo Bolsonaro no exterior também já causou outros problemas, como a forte ameaça de não ratificação do acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Vários líderes europeus questionam as políticas em curso no Brasil, que afrontam a legislação comercial de nações do Velho Continente.
Na América do Sul, a eleição de Alberto Fernández esfriou as relações com o principal parceiro comercial do Brasil na região. De ideologia distinta da de Bolsonaro, ele já declarou que é preciso discutir os rumos do Mercosul diante de disputas e discordâncias entre seus membros.