Em meio a flexibilizações realizadas no isolamento em diferentes cidades do Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou para a necessidade de o país manter as medidas restritivas, uma vez que sua situação ainda é "delicada".
Com 584.016 casos oficiais, o Brasil é o segundo país mais afetado pelo surto do novo coronavírus em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Só ontem, 1.349 mortes por COVID-19 foram registradas no território brasileiro, elevando para 32.548 o total.
Brasil inicia testes com possível vacina contra COVID-19 desenvolvida em Oxfordhttps://t.co/SaYgvTTDvI
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Apesar dos números alarmantes e do crescimento constante nos números de contaminados e mortos, especialistas defendem que o Brasil ainda não chegou ao pico da propagação do vírus, o que só deve acontecer na primeira semana de julho.
"A situação no Brasil é delicada e estamos muito preocupados, porque o que vimos é um aumento de casos e mortalidade na última semana. A mensagem é que as medidas de mitigação devem continuar sendo implementadas", explicou o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da OPAS, Marcos Espinal, em coletiva de imprensa na última terça-feira (2).
Segundo o especialista, apesar do grande número de casos, o país ainda está realizando muito menos testes do que o necessário, em torno de 4.000 a 4.300 para cada milhão de habitantes, enquanto outros países realizam cinco ou seis vezes mais exames proporcionalmente.
"É imperativo que aumentem o número de testes", afirmou.
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De acordo com o infectologista Paulo Santos, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, levando em consideração o tamanho continental do território brasileiro, é importante destacar que a dinâmica da pandemia pode variar de uma região para outra, de um estado para outro e até de uma cidade para outra. Assim sendo, deve caber aos gestores locais avaliar a situação de sua localidade com base nos dados científicos disponibilizados para decidir o melhor momento de afrouxar ou intensificar o isolamento.
"A nossa impressão é de que, em muitos centros do país, ainda, de fato, há um crescimento, um aumento de casos", afirma o médico em entrevista à Sputnik Brasil.
Santos explica que, antes de decidir pelo relaxamento das medidas de contenção, o gestor municipal ou estadual deve levar em conta o impacto do surto da COVID-19 no sistema de saúde local, como a ocupação dos leitos de terapia intensiva e de clínica médica.
"É de fato uma balança difícil de equilibrar. Porque, de um lado, nós temos a necessidade de manter o distanciamento social, para reduzir a velocidade de disseminação do vírus, e, por outro lado, existe a necessidade de, aos poucos, realmente, retomar a economia."
O infectologista insiste que, para a estratégia administrativa, os dados relativos aos atendimentos médicos e ocupação hospitalar devem ter um peso maior do que os registros oficiais de casos e óbitos relacionados ao novo coronavírus, por uma questão temporal.
"Existe um delay, um atraso, digamos assim, no cômputo de informações. Então, não necessariamente, o quantitativo de casos e óbitos que se noticia agora representa o que efetivamente aconteceu imediatamente, naquela semana. Por outro lado, o movimento de atendimentos e de ocupação hospitalar, sim, ele dá um retrato fiel do que está acontecendo em certo local naquele momento."
Para o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, não há dúvidas de que uma realização de testes em maior quantidade seria crucial para as estratégias de manutenção ou afrouxamento do isolamento social.
"Testar em massa as pessoas de um determinado local para se saber como está o status imunológico daquela população. Então, quando se fala em prevalência, em incidência e prevalência, nós teríamos que fazer testes para analisar quem está doente no momento e testes para analisar quem tem indícios de que já teve a doença e desenvolveu uma certa imunidade".
Segundo o centro, o teste sorológico não deve ser usado para determinar o estado imunológico dos indivíduos https://t.co/VMxWQRjzoZ
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Paulo Santos não vê perspectiva de retorno, no curto prazo, para a situação de "normalidade" conhecida antes da pandemia da COVID-19. Ao contrário, ele acredita no estabelecimento de um novo padrão de relacionamentos sociais, caracterizado pelo uso de máscaras por um período prolongado, uma nova cultura de higiene pessoal e também de autoisolamento.