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'Ela não teve coragem de pegar a mão do meu filho', diz mãe de menino que morreu ao cair do 9º andar

© Folhapress / Código19 Imagens do edifício conhecido como Torres Gêmeas, no Recife, onde filho de empregada doméstica caiu do nono andar ao estar sob cuidados da patroa
 Imagens do edifício conhecido como Torres Gêmeas,  no Recife, onde filho de empregada doméstica caiu do nono andar ao estar sob cuidados da patroa - Sputnik Brasil
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A mãe do menino Miguel, que morreu ao cair do nono andar de um prédio no Recife, criticou o comportamento de sua então patroa: "Ela não teve a coragem de segurar a mão do meu filho e tirar ele ali de dentro". 

Miguel Otávio Santana da Silva, de apenas cinco anos, filho da empregada doméstica Mirtes Regina Santana de Souza, morreu na última terça-feira (2) após ser deixado sob os cuidados de Sarí Corte Real. 

A empregadora de Mirtes deixou o menino sozinho no elevador para a criança ir encontrar sua mãe, que se encontrava na rua passeando com o cachorro dos patrões. Ao invés de descer do quinto andar para o térreo, Miguel acabou parando no nono andar do prédio, e caiu de uma área destinada a peças de ar-condicionado, de uma altura de 35 metros. 

"Ela não deu resposta [sobre por que deixou a criança no elevador]. Só disse que ia provar que não apertou o botão [de andar acima]. Ela pode provar o que for, mas ela deixou. As imagens são claras, ela deixou o meu filho lá e esperou a porta fechar. Ela não teve a coragem de segurar a mão do meu filho e tirar ele ali de dentro. Se fosse um filho dela, eu teria tirado. Uma criança inocente e que não tinha noção de perigo. A única coisa que ele queria era a mim, a mãe dele. Ela não teve um pingo de paciência", disse a doméstica em entrevista para o programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo. 

Mirtes contou ainda que a patroa chegou a ir ao velório da criança e que as duas se abraçaram. Durante o enterro, a doméstica não sabia que Sarí tinha deixado Miguel sozinho no elevador, como mostrou um vídeo das câmeras de segurança do edifício. 

'A gente não sabia o que tinha acontecido'

"Quando enterrei o meu filho, eu ainda não tinha visto o vídeo e nem sabia. A gente não sabia o que tinha acontecido. Quando recebi o vídeo e vi, aquilo me bateu uma raiva e uma angústia, e liguei para ela para saber o que aconteceu, porque ela não tinha ligado para mim. Quando indaguei ela por que ela apertou o botão da cobertura, por que deixou meu filho ali, ela só respondeu: 'Eu não apertei o botão da cobertura. Vou provar para você'. Só ficou dizendo que não apertou. Ela pode provar o que for, mas ela deixou o meu filho no elevador", questionou Mirtes. 

Apesar da epidemia da COVID-19, Mirtes continuou trabalhando na casa da patroa. No dia da tragédia, a doméstica tinha levado o filho para casa da empregadora. A mãe do menino recebeu ordens para descer e passear com o cachorro dos patrões, mas pediu para deixar o filho no apartamento.

Segundo a polícia, enquanto Mirtes estava na parte de baixo do prédio, a criança quis encontrá-la. A patroa, que estava com uma manicure que fazia as unhas dela, deixou o menino entrar sozinho no elevador para procurar a mãe. 

Mulher do prefeito do município pernambucano de Tamandaré, Sarí Corte Real foi presa em flagrante logo após a morte de Miguel, e liberada após pagar fiança de R$ 20 mil. 

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