A chamada proteína da espícula do SARS-CoV-2 (uma espécie de apêndices ou picos existentes na superfície do coronavírus) contém uma sequência de ativação idêntica a uma parte da proteína das células humanas, o que lhe permite infectar humanos.
Foi a esta conclusão que um grupo de cientistas indianos chegou em um estudo que acaba de ser aceite para publicação pela revista científica eLife.
Durante a pesquisa, os cientistas compararam o SARS-CoV-2 (que provoca a doença COVID-19) com cepas do SARS-CoV que causa a síndrome respiratória aguda ou pneumonia atípica, e estirpes responsáveis por zoonoses (doenças infecciosas naturalmente transmitidas entre animais e seres humanos).
Esta comparação mostrou que o SARS-CoV-2 tem uma sequência de ativação, nas regiões conhecidas por S1 e S2, semelhante às observadas em vírus da gripe em particular.
O novo coronavírus infecta as células ao atacar uma enzima chamada furina, presente na membrana celular.
A furina é encontrada em muitos tecidos humanos, incluindo pulmões, fígado e intestino delgado, pelo que o vírus tem o potencial de atacar vários órgãos, perturbando o seu funcionamento.
Esta característica do SARS-CoV-2 "está ausente nos coronavírus anteriormente sequenciados", afirmam os pesquisadores em seu artigo.
A pandemia do novo coronavírus se deve em parte a esse "mimetismo direcionado" do SARS-CoV-2, sugerem os cientistas.