No último dia 4, o Facebook começou a etiquetar contas de meios de comunicação públicos, incluindo a agência russa Sputnik, a agência chinesa Xinhua News e o canal iraniano Press TV.
Segundo a empresa, a medida seria uma forma de "prover mais transparência em torno a estes meios porque combinam a influência de um meio de comunicação com o respaldo estratégico de um Estado".
Desta forma, as etiquetas passarão a estar visíveis para usuários da rede social no mundo todo.
Meios estrangeiros e censura
Comentando o episódio para a rádio Govorit Moskva, a editora-chefe da Sputnik, Margarita Simonyan, declarou:
"Elas [as mídias estrangeiras] praticam a censura americana em nosso país, e nós olhamos para isso com os olhos meio ou totalmente fechados [...] Nós precisamos tomar medidas recíprocas, tal como gostamos de fazer na política externa."
Ainda de acordo com Simonyan, a decisão do Facebook seria uma forma de combater mídias que a rede social considera "agentes estrangeiros".
Em tom de reciprocidade, a jornalista afirmou que a Rússia "deverá lutar contra os meios de comunicação que considera agentes estrangeiros".
"Nós temos uma constituição onde, afinal de contas, está escrito que a censura é proibida", acrescentou Simonyan.
Apesar de a medida poder englobar centenas de organizações midiáticas, de acordo com o Facebook, meios estatais como a britânica BBC, a alemã Deutsche Welle e a francesa AFP não deverão receber etiquetas, devido aos critérios tomados pela própria rede social.
A razão disso seria a suposta verificação do Facebook para assegurar que tais mídias europeias e americanas gozam de total independência editorial, apesar de serem públicas.
Bloqueios e 'censura política ideológica'
O Facebook também planeja bloquear publicações das mídias etiquetadas para o público americano, especialmente no contexto das eleições presidenciais por vir.
Falando sobre o assunto com a Sputnik Mundo, a presidente da Federação Nacional de Jornalistas do Brasil (Fenaj), Maria José Braga, disse:
"O Facebook é uma empresa privada e não tem a prerrogativa de ditar o que é verdade e o que não é verdade, ou o que é ou não é influente."
Ainda de acordo com Braga, a política do Facebook constitui "uma censura política ideológica" que recai, precisamente, sobre meios de países como Rússia e China.