Caixa da Embraer permite que empresa tenha prejuízos sem prejudicar operacionalidade, diz analista

© Folhapress / Lucas Lacaz RuizFábrica da Embraer em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Fábrica da Embraer em São José dos Campos, interior de São Paulo. - Sputnik Brasil
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A Embraer registrou um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 1,276 bilhão no primeiro trimestre, um aumento de 694% na comparação com o prejuízo de R$ 160,8 milhões nos três primeiros meses do ano passado.

Para o economista Marcos José Barbieri Ferreira, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista em aviação comercial, indústria aeroespacial e defesa, o prejuízo registrado pela Embraer nos primeiros meses não chega a prejudicar os resultados da empresa.

"Houve, digamos, uma queda, uma deterioração. Ela teve um prejuízo bastante significativo no primeiro trimestre, mas o caixa da empresa ainda permite que ela não esteja em uma situação financeira, pelo menos ainda nesse momento, que comprometa os resultados e a operacionalidade da empresa", disse o professor à Sputnik Brasil.

Segundo Ferreira, isso se deve ao fato de a Embraer manter um caixa de aproximadamente R$ 13 bilhões. O especialista avalia que a pandemia da COVID-19 fez com que a companhia tivesse uma redução significativa no ramo da aviação comercial.

"Quando nós analisarmos no primeiro trimestre, nós verificamos que no segmento de aviação comercial comparado ao ano passado, ela teve uma redução de receita de cerca de 40%, uma diminuição bastante significativa", explicou.

Além das perdas com a aviação comercial, a Embraer também precisou reservar parte de suas receitas para o caso de surgirem possíveis devedores ante a crise econômica provocada pelo novo coronavírus.

"A Embraer passou, dentro de uma estratégia conservadora e correta, a reservar uma parte de suas receitas para um provisionamento de devedores duvidosos, a possibilidade de não receber o pagamento de encomendas futuras, então uma parte dos recursos da empresa também foi destinada para isso, então você tem um duplo impacto negativo da COVID-19 nas receitas da empresa", contou Ferreira.

Marcos José Barbieri Ferreira disse que o que equilibrou as finanças da Embraer e a impediu de ter uma queda ainda maior no primeiro trimestre foi o segmento de defesa da companhia.

"No segmento de defesa, as receitas se mantiveram praticamente estáveis e, no segmento de jatos executivos, ela teve um aumento de cerca de 30% nesse período. O fato de a Embraer ser uma empresa diversificada tem contribuído para que ela equilibre, digamos, resultados negativos de um setor com resultados positivos de outro. Não chegou a equilibrar, é claro, no conjunto houve uma queda de receita da empresa, queda de lucro, mas de alguma maneira essa diversificação da empresa contribui para que os resultados não sejam ainda mais negativos", completou.

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