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Dia dos Namorados no isolamento: apesar do aumento das vendas on-line, varejo deve registrar queda

© Folhapress / Eduardo Valente / FramePhotoComércio de rua reaberto atrai clientes em Florianópolis (SC) em meio à COVID-19
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Segundo o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a entidade prevê uma queda de 43% nas vendas durante o Dia dos Namorados (12), na comparação com o ano passado.

Nesta sexta-feira (12), o Brasil celebra o Dia dos Namorados em meio à pandemia que leva as autoridades a impor o isolamento social na maior parte do país.

A data, comemorada na véspera do dia de Santo António de Lisboa, também conhecido como Santo Casamenteiro, foi criada em 1949 pelo publicitário João Doria, pai do atual governador de São Paulo, e costuma movimentar o comércio no país.

Este ano, no entanto, segundo Fábio Bentes, economista-chefe da CNC, o varejo nacional seguirá em dificuldades.

"A nossa expectativa na CNC é de que as vendas no Dia dos Namorados recuem 43% em relação à mesma data do ano passado. Isso faz com que o varejo registre na sua terceira data comemorativa de 2020 uma perda histórica", disse Fábio Bentes à Sputnik Brasil.

O economista destacou que as vendas sofreram uma queda de 35% na Páscoa e de 60% no Dia da Mães em função da pandemia de COVID-19. Com o início do processo de flexibilização do isolamento social, entretanto, o varejo deve se recuperar um pouco.

"A expectativa de queda menor, em relação ao Dia das Mães, se deve ao fato de que o Dia dos Namorados coincide com o processo de flexibilização da quarentena. O que vai fazer com que as perdas sejam um pouco menores, mas sejam maiores do que na Páscoa, porque durante a Páscoa os estabelecimentos que vendem produtos relacionados à data estavam abertos", explicou o representante da CNC.

Bentes acrescentou que, embora o relaxamento do isolamento social tenha de fato se iniciado em junho, alguns segmentos ainda apresentam um índice de fechamento de lojas muito grande. Por isso perdas maiores são esperadas no segmento de vestuário, com mais de 70%, itens de informática e comunicação, com queda de quase 60%, e no segmento de utilidades domésticas e eletrônicos com queda esperada superior a 55%.

"Se confirmada a nossa expectativa de queda de 43% no varejo no Dia dos Namorados, isso vai fazer com que essa data, em 2020, registre a menor movimentação financeira desde o Dia dos Namorados de 2009", disse o economista.

O interlocutor da Sputnik Brasil afirmou que, além dos impactos diretos da pandemia, é necessário considerar o impacto econômico da crise para entender o quadro geral do setor. Ele citou o aumento do desemprego, a redução da renda e a queda da confiança do consumidor como fatores que explicam o recuo nos índices do varejo, mesmo quando se trata de compras a prazo.

"Esses fatores, principalmente o mercado de trabalho e a confiança do consumidor, devem fazer inclusive com que nas próximas datas comemorativas o varejo também registre perdas", alertou Bentes.

O economista destacou que as empresas de médio e pequeno porte são as que mais sofrem com os efeitos da pandemia. Os comerciantes nacionais estão investindo em canais eletrônicos, na venda on-line, serviços de delivery e drive-thru. No entanto, segundo o entrevistado "essas estratégias não compensam a queda nas vendas presenciais que são de longe, no Brasil, a modalidade preferida dos consumidores".

"Naturalmente o pequeno, o médio, e o micro varejo também, são na realidade os segmentos que mais sofrem com a pandemia. Basicamente porque as grandes cadeias de varejo já tinham, antes da pandemia começar, canais de venda on-line bastante desenvolvidos. Algumas redes do varejo, inclusive, eram estritamente on-line. O pequeno e micro varejo obviamente está tendo que correr atrás do prejuízo, correr contra o tempo, para desenvolver canais on-line num momento em que você está tendo queda significativa de receitas. Esse varejo de pequeno porte tende a ser o mais afetado pela pandemia e pela queda nas vendas, desde que a pandemia começou. E, seguramente, assim deve continuar nos próximos meses", destacou Bentes.

Por isso, segundo o economista da CNC, por mais que as estratégias do varejo tenham sido relativamente bem sucedidas para diminuir as perdas, elas não conseguem compensar os prejuízos, nem substituir as vendas presenciais.

"É importante colocar que durante a pandemia, especificamente no mês de maio, as vendas on-line cresceram mais de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, como as vendas on-line representam cerca de 4% do faturamento do varejo, elas não foram suficientes para compensar as perdas impostas pela pandemia", concluiu.

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