Anexação da Cisjordânia: uma oportunidade histórica ou um grave erro?

© AFP 2023 / AHMAD GHARABLIConstrução do assentamento judaico de Givat Zeev, próximo da cidade palestina de Ramallah (foto de arquivo)
Construção do assentamento judaico de Givat Zeev, próximo da cidade palestina de Ramallah (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu planeja expandir o território de Israel anexando os assentamentos judaicos na Cisjordânia, o assunto divide a sociedade israelense.

De acordo com os planos, a anexação de cerca de 30% do território da Cisjordânia a Israel se dará em julho, seguindo a linha proposta pelo "acordo do século" do presidente americano Donald Trump para solucionar a questão palestina.

Contudo, a sociedade israelense se dividiu sobre o tema, temendo possíveis consequências negativas da anexação.

Falando com a Sputnik, a ex-deputada israelense Ksenia Svetlova alertou sobre tais consequências e se juntou a um grupo de 25 ex-parlamentares israelenses que escreveram uma carta aos congressistas dos EUA contra a anexação.

"O maior bloco, é o bloco daqueles que acham que a anexação só irá nos trazer danos", afirmou.

Ainda segundo Svetlova, os opositores ao plano de Netanyahu afirmam que "em nenhuma circunstância se pode anexar alguma coisa, nem o Vale do Jordão, nem assentamentos específicos, blocos de assentamentos, nem muito menos os postos avançados dos colonos ou a Cisjordânia", declarou.

Risco de piora nas relações internacionais

O plano de anexação também tem sido ecoado com críticas por parte de países historicamente mais neutros em relação a Israel.

O embaixador dos Emirados Árabes Unidos em Washington, Yousef al-Otaiba, afirmou ontem (12) que o plano prometia algum aquecimento das relações árabe-israelenses.

"Isso pode provocar, em primeiro lugar, complicações aqui e regionais com os países vizinhos: Egito e Jordânia. [A anexação] também poderá ameaçar o processo de paz e propiciar um aumento das atividades terroristas no território da Cisjordânia, talvez mesmo na Faixa de Gaza. [Assim como] o enfraquecimento do Fatah e de Mahmoud Abbas em consequência do aumento da popularidade do Hamas e tudo o que daí decorre", acrescentou Svetlova.

Criação do Estado palestino?

Se, por um lado, o avanço israelense poderia ser a expansão de Israel, por outro lado os colonos dos assentamentos temem que a anexação de parte da Cisjordânia tenha um preço caro demais: o reconhecimento da soberania palestina sobre demais territórios previsto pela proposta de Trump.

"A principal 'farpa' deste plano, de fato, é a criação do Estado palestino, o qual o movimento de colonos nunca reconheceu e nunca reconhecerá, nem a criação de outro Estado, nem as pretensões sobre nossa terra por outro povo. É isso que causa a nossa forte reação", declarou Shlomo Neeman, presidente do Conselho dos Assentamentos.

Além disso, existe o risco de nem todos os assentamentos serem absorvidos por Israel, o que gera críticas por parte dos colonos.

© AFP 2023 / JAAFAR ASHTIYEHPalestino em conflito com soldado israelense (foto de arquivo)
Anexação da Cisjordânia: uma oportunidade histórica ou um grave erro?  - Sputnik Brasil
Palestino em conflito com soldado israelense (foto de arquivo)

Reação palestina

A Autoridade Palestina já anunciou o rompimento de todas as relações com Israel e com os EUA em diversas esferas devido ao projeto de Trump e Netanyahu.

Contudo, a reação não parece assustar as lideranças israelenses.

"Por isso, a luta contra o terrorismo e a ameaça com armas não é uma novidade para nós, e nós sabemos lidar com isso. Em relação à cooperação entre Israel e a Autoridade Palestina na área da segurança, aí há maior interesse por parte dos líderes do Fatah do que de Israel. Se não fosse a cooperação com Israel, o Hamas faria com eles o mesmo que fez na Faixa de Gaza", declarou à Sputnik o ministro dos Recursos Hídricos e Ensino Superior de Israel, Zeev Elkin.

Além disso, o ministro acredita que se no primeiro momento a comunidade internacional vier a se opor à anexação, com o tempo ela deverá aceitar as novas fronteiras de Israel.

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