Pode levar bilhões de anos, mas as montanhas, de fato, crescem e os fatores que controlam esse fenômeno há muito que vem sendo debatido entre os cientistas.
Forças tectônicas
De acordo com um novo estudo da autoria de pesquisadores alemães, publicado na revista Nature e analisado pelo portal científico Science Alert, são as forças tectônicas sob as montanhas, e não a meteorologia e erosão no topo, que realmente controlam o seu crescimento.
Assim, para montanhas próximas a zonas de colisão de placas tectônicas, sua altura é determinada sobretudo pela forma como se equilibram as forças nas profundezas da crosta terrestre.
À medida que as placas tectônicas se movem e se deslocam umas em direção às outras, uma das placas é pressionada para baixo no manto da Terra e, à medida que as placas se deformam e dobram, as cadeias de montanhas vão se formando na superfície.
A grande questão que tem sido sempre colocada é se este é o principal fator a determinar a altura de uma montanha, ou se o desgaste relacionado ao clima teria um papel mais significativo.
Há ainda um terceiro fator em jogo, chamado isostasia, quando as massas continentais flutuam, em equilíbrio, em um substrato mais denso e mais plástico, mas parece desempenhar um papel menor no fenômeno.
O experimento e o resultado
Pesquisadores alemães analisaram a força de determinados limites das placas e modelaram as várias forças que estariam atuando sobre as placas tectônicas, em parte usando medições de fluxo de calor próximo à superfície para simular a energia de fricção subjacente em jogo.
Comparando estes modelos com as alturas reais das montanhas dos Himalaias, Andes, Sumatra e Japão, a equipe concluiu que nas montanhas que ainda estão crescendo ativamente, a altura e o peso se mantêm em equilíbrio com as enormes forças subterrâneas sob as quais se encontram. Se a fricção e o estresse por baixo muda, também muda a altura da montanha.
"Os processos erosivos podem [realmente] modular a topografia das montanhas e desencadear falhas ativas, como sugerem os modelos conceituais e numéricos para as interações climático-tectônicas", escrevem os pesquisadores.
Contudo, "nossas descobertas sugerem que a erosão não é capaz de suplantar os processos tectônicos e isostáticos que mantêm as margens convergentes próximas ao equilíbrio de forças, pois a placa superior é efetivamente fraca".
Tudo se processa como se colocássemos as mãos sob uma toalha de mesa, e a fôssemos apertando com ambas as mãos: as pregas de pano que se erguem no meio são as montanhas, e o atrito do pano movendo-se lentamente à sua volta através das mãos corresponderia à atividade tectônica.
Resta saber se o mesmo acontece com montanhas que não estão próximas às zonas de subducção, onde uma placa tectônica afunda sob outra. Nestes casos é possível que a altura da montanha seja determinada pelas condições climáticas, como a posição da linha de neve.
Mais pesquisas, melhores respostas
Mais pesquisas devem levar a mais respostas, e a uma melhor ideia de como a altura das cadeias montanhosas se processa pelo mundo afora.
Por enquanto, este novo estudo proporciona aos geólogos uma nova forma de pensar sobre as forças sob a crosta terrestre que possam afetar as majestosas cordilheiras de montanhas que vemos espalhadas pela superfície do nosso planeta.
"Concluímos que as variações ao longo dos tempos na altura das montanhas refletem mudanças de longo prazo no equilíbrio de forças [sob a crosta terrestre e] não são indicativas de uma influência climática direta na elevação das montanhas", escreveram os pesquisadores Armin Dielforder, Ralf Hetzel e Onno Oncken em seu estudo.