Segundo a hipótese da glaciação global, durante uma grande parte do período Neproterezoico - que começou há aproximadamente um bilhão de anos e terminou há cerca de 540 milhões de anos - nosso planeta esteve totalmente coberto por gelo.
Um novo estudo de pesquisadores norte-americanos, publicado em 11 junho pela revista Science Advances, corrobora esta suposição, mas sugere que milhões de anos antes da Terra ter se tornado uma "bola de neve" o clima era mais frio que o atual.
Em particular, após analisar sentimentos da formação Konnarock, no atual estado da Virgínia, os geólogos descobriram que essas áreas, que então se localizavam em uma zona tropical de um supercontinente, estavam cobertas de gelo há aproximadamente 751 milhões de anos, ou seja, 30 milhões de anos antes da glaciação total da Terra.
Segundo os cientistas, a descoberta mostra que a glaciação não ocorreu da noite para o dia, mas que foi um processo lento.
"O planeta sempre esfria longe dos trópicos e em direção aos polos, porque a Terra recebe a maior parte da luz solar na zona do equador", refere um comunicado da Universidade de Rochester (EUA), citando Scott MacLennan, seu investigador e principal autor do estudo.
"Se existem glaciares nos trópicos, o resto do planeta também deve ter sido muitíssimo frio. Isto significa que nossa visão anterior de um mundo quente e úmido antes da Terra ter sido uma 'bola de neve' é provavelmente incorreta", agregou o pesquisador.
Possibilidades de adaptação
Ainda assim, MacLennnan defende que o modelo de glaciação gradual permite explicar como a vida não somente sobreviveu, mas também evoluiu e se difundiu pelo planeta nas duras condições dessa grande massa de gelo.
"Tem havido muitas perguntas sobre como as formas de vida multicelulares e unicelulares conseguiram sobreviver ao período glacial, especialmente se houve uma transição rápida de um mundo de estufa quente" para um mais frio, salienta o cientista.
"Nossas estimativas sobre o clima antes do período glacial indicam que o planeta era provavelmente mais frio do que o mundo moderno, o que significa que [...] os organismos poderiam ter se adaptado a essas condições frias", conclui MacLennan.