Kris Osborn, um especialista militar norte-americano que escreve na revista The National Interest, avaliou as recém-testadas armas hipersônicas da China, dizendo que os mísseis DF-17 poderiam ser razão para os EUA estarem acelerando o desenvolvimento de armas análogas.
Segundo um relato do diário chinês Global Times, o míssil movido por motor scramjet seria capaz de voar durante 600 segundos, superando o "recorde mundial de 210 segundos estabelecido pela aeronave X-51 dos EUA". Além disso, se for incorporado o scramjet, o DF-17 seria capaz de aumentar seu alcance em até cinco vezes, se tornando potencialmente um míssil hipersônico intercontinental.
"Embora possa não estar claro se esta alegação foi verificada independentemente ou separadamente, ela levanta novas dimensões de ameaça para a defesa antimíssil dos EUA, que está atualmente refinando novos métodos técnicos de combate ou destruição de ataques hipersônicos [...]", aponta Osborn.
A tecnologia chinesa utiliza uma técnica de "empuxo constante", que aumenta o alcance e a trajetória letal do scramjet, refere o especialista.
Avanços norte-americanos
Os progressos no desenvolvimento de armas hipersônicas por parte de Pequim podem estar levando o Pentágono a apressar seu próprio desenvolvimento na área.
O general John Murray, comandante do Comando de Futuros do Exército, contou em entrevista à mídia que o Exército norte-americano está fazendo rápidos progressos com testes de armas hipersônicas, esperando que as montadoras entreguem uma bateria de armas hipersônicas em 2023.
Depois dos testes bem-sucedidos do X-51 em 2013, os EUA têm estado desenvolvendo sua tecnologia hipersônica, que permite "tomar um fluxo de ar de alta velocidade, comprimir o ar e depois inflamá-lo com gás ou algum tipo de propulsor para gerar empuxo", segundo explicaram os desenvolvedores de armas da Raytheon à The National Interest.
Um dos programas de scramjet é o Conceito de Armas Aeróbicas Hipersônicas (HAWC, na sigla em inglês), que está sendo desenvolvido há anos por especialistas da Força Aérea dos EUA, da Agência de Projetos de Pesquisa Avançados de Defesa (DARPA, na sigla em inglês) dos EUA e também da Raytheon Technologies, com "propulsão a hidrocarbonetos movida por scramjet para possibilitar voo hipersônico sustentado" como uma das áreas-chave.
"Naturalmente, viajar a velocidades hipersônicas gera temperaturas sem precedentes, criando a necessidade de projetar materiais resistentes ao calor e criando as condições necessárias para gerar um fluxo de ar mais suave ou 'laminar', menos perturbador para a trajetória de voo de uma arma", adverte o autor do artigo.
Essa também é a razão para criar veículos hipersônicos com formas específicas, que ajudem a gerar um fluxo de ar menos perturbador. Essa dinâmica pode também ser aplicada na defesa, para travar o fluxo de ar de uma arma hipersônica em posição ofensiva.
Além disso, a Força Aérea norte-americana está em fases iniciais de criação de "drones hipersônicos ou mesmo veículos aéreos hipersônicos recuperáveis capazes de atacar ou conduzir missões avançadas de inteligência, vigilância e reconhecimento", apesar de um cientista sênior do ramo militar ter dito anos antes que isso seria improvável antes dos anos 2040.