Madrugada de 22 de junho de 1941. Sem declaração de guerra, as tropas hitlerianas invadem a União Soviética. Seu primeiro alvo, a fortaleza de Brest, na atual Bielorrússia, foi completamente apanhada de surpresa. Eram 04h15 quando o primeiro posto avançado soviético começou sendo fustigado por forte fogo de artilharia.
Planos furados
Pelos cálculos nazistas, as tropas soviéticas ficariam tão abaladas pelos bombardeios que perderiam qualquer possibilidade de ripostar. Os oficiais alemães contavam, assim, tomar a fortaleza ainda antes do meio-dia, tendo o ataque de artilharia sido seguido pelo avanço das forças terrestres nazistas.
"Tínhamos pouquíssimas metralhadoras, nenhuma submetralhadora, apenas havia fuzis, e com esse armamento repelimos no início os ataques fascistas, mas depois encontramos um paiol, com um grande número de cartuchos, havia metralhadoras, fuzis de assalto PPD e granadas de mão. Todas essas armas foram distribuídas aos soldados, que se armaram e ocuparam então seus postos defensivos", conforme o testemunho fonográfico de um dos participantes da defesa da fortaleza, Leonid Kochin, conservado no Museu de História Contemporânea da Rússia.
Mas o prognóstico otimista se revelou errado. Algumas tropas soviéticas conseguiram sair da fortaleza, era esse o plano de ação em caso de agressão, conseguindo eliminar as unidades nazistas que lograram penetrar na cidade, ocupando posições em quartéis, seções subterrâneas e porões.
Durante esse primeiro dia, os defensores da fortaleza repeliram oito ataques inimigos, tendo os nazistas sofrido consideráveis baixas e se retirado ao anoitecer.
Na manhã do dia 23 de junho, os alemães recorreram a um bombardeio aéreo e usaram artilharia contra a fortaleza, desse modo forçando de novo a entrada.
As lutas dentro da fortaleza se tornaram então ferozes e prolongadas. Os alemães, que já tinham ocupado a vizinha Polônia em 1939, não previram a estoica defesa da cidade pelas forças soviéticas e viram seus planos de uma tomada relâmpago de Brest completamente frustrados.
Os nazistas usavam lança-chamas, barris de substância inflamável, poderosos explosivos e gases asfixiantes. A fortificação estava completamente sitiada pelos invasores.
Na madrugada de 26 de junho, alguns soldados soviéticos fizeram várias tentativas para romper o cerco, mas apenas poucos grupos conseguiram escapar da fortaleza. Até o final de junho, os nazistas conseguiram estabelecer o controle sobre a maior parte da fortaleza.
Fortaleza-Herói
A heroica defesa da fortificação prolongou-se durante cerca de um mês, já as tropas nazistas tinham profundamente penetrado na União Soviética, tomando Minsk e acercando-se de Smolensk. Os militares soviéticos recusaram sistematicamente a capitulação que os alemães continuamente lhes propunham.
Assim, malgrado a falta de munições, comida, água e medicamentos, a guarnição da fortaleza resistiu durante semanas aos ataques inimigos.
Mesmo após a queda de Brest, pequenos grupos de soldados do Exército Vermelho continuaram combatendo o inimigo. O Exército Vermelho sofreu pesadas baixas, mas durante um mês transformaram a vida dos nazistas em um pesadelo.
"Estou morrendo, mas não me rendo! Adeus, Pátria." A inscrição foi gravada em um muro por um soldado soviético e está datada de 20 de julho de 1941. Esta frase tornou-se um lema para celebrar a coragem das tropas do Exército Vermelho que defenderam Brest. O feito destes soldados continua vivo na memória de todos os povos que constituíram a União Soviética.
"É difícil descrever tudo aquilo que os defensores da fortaleza tiveram de suportar, mas apesar das condições difíceis e do isolamento total, estando completamente cercados, repelindo dezenas de ataques por dia, mantivemos a coragem e a firmeza de espírito. Mesmo os feridos que conseguiam segurar uma arma em suas mãos, não abandonavam seus postos", cita o testemunho de Leonid Kochin.
Por sua forma corajosa e destemida como se opôs aos nazistas, à fortaleza de Brest seria outorgado o título de Fortaleza-Herói.