A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que participou da cerimônia do primeiro voo público do avião de treinamento avançado (JAT, na sigla em inglês) batizado de Brave Eagle, considerou ser um "momento histórico".
"Hoje é um grande dia para a Força Aérea da República da China e é também um marco importante para a indústria aeroespacial doméstica", afirmou Ing-wen a uma multidão no centro da cidade industrial de Taichung, usando o nome oficial de Taiwan, informa a AFP.
A presidente acrescentou se tratar de um passo "fundamental para a realização da nossa autossuficiência em defesa".
A nova aeronave permitirá treinar os pilotos a manobrar aviões mais sofisticados, permitindo dessa forma substituir sua frota atual de aeronaves obsoletas.
Taiwan vive sob o espectro de invasão de Pequim, para quem a ilha – que se autodenomina República da China desde 1949 quando as forças do Kuomitang se refugiaram na ilha batizada pelos navegadores portugueses de Formosa – é parte integrante de seu território.
Segundo a AFP, nas últimas décadas, Taiwan se viu superada militarmente pelo enorme Exército de Libertação Popular da China, em meio a receios dos governos ocidentais de vender sistemas avançados de armas, temendo incorrer na ira de Pequim.
Esta postura ocidental tem obrigado Taiwan a desenvolver seu próprio hardware militar, incluindo mísseis avançados, navios e este novo avião de treino.
Pequim aumentou a pressão militar, diplomática e econômica desde que Ing-wen tomou posse em 2016. Membro do Partido Democrático Progressista e defensora de uma identidade taiwanesa, a presidente Tsai Ing-wen se recusa a reconhecer que Taiwan faça parte de "uma só China", refere a AFP.
Tsai foi reeleita em janeiro, no que foi visto como um sinal forte da população ante as pressões da China continental.
A apresentação do JAT ocorre quando a envelhecida frota de caças de Taiwan tem se deparado com voos de aeronaves chinesas na zona de identificação da defesa aérea de Taiwan – sete vezes nas últimas duas semanas - de acordo com fontes oficiais de Taipé.
Taiwan dispõe atualmente de cerca de 300 caças, todos obsoletos e em serviço desde a década de 1990, incluindo F-16 norte-americanos, Mirage 2000-5 franceses e caças defensivos de fabricação própria.
Há muito que Taiwan procura modernizar a sua frota com os Estados Unidos – seus principais aliados e fornecedores de armas, mas só depois da eleição do presidente americano, Donald Trump, Washington tem mostrado mais receptividade.
No final de 2019, a administração Trump anunciou que venderia 66 caças F-16 de última geração para Taiwan, bem como outros equipamentos militares, incluindo mísseis e veículos blindados.
O anúncio enfureceu Pequim, que jurou sancionar as empresas envolvidas no processo se a operação fosse avante, conclui a AFP.