As profundezas dos planetas mais afastados do Sol, Netuno e Urano, podem estar produzindo diamantes, adiantam cientistas do Centro de Aceleração Linear de Stanford (SLAC, na sigla em inglês), Califórnia, EUA.
Apesar do frio existente nas atmosferas dos dois planetas, uma teoria é que o calor e a pressão intensos milhares de quilômetros abaixo da superfície destes gigantes de gelo deveriam dividir os compostos de hidrocarbonetos, com o carbono se comprimindo em diamante e afundando ainda mais em direção aos núcleos planetários.
Os pesquisadores utilizaram a Fonte de Luz Coerente Linac (LCLS, na sigla em inglês) da instituição para medir o processo.
Uma outra equipe de cientistas na Alemanha decidiu então prosseguir as pesquisas.
"Agora temos uma nova abordagem muito promissora baseada na dispersão de raios X", disse o físico Dominik Kraus do Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf, um laboratório na Alemanha, sobre seu trabalho.
Segundo dados da NASA, os gigantes gelados são extremamente comuns na Via Láctea, cerca de 10 vezes mais comuns que os exoplanetas semelhantes a Júpiter, o que significa que a pesquisa realizada sobre planetas como Urano e Netuno é importante na hora de procurar planetas na nossa galáxia.
Estudo dos planetas
A atmosfera de Netuno e Urano é composta principalmente por hidrogênio e hélio, com uma pequena quantidade de metano. Abaixo destas camadas atmosféricas, um fluido muito quente e superdenso de materiais "gelados" como água, metano e amoníaco envolve o núcleo do planeta.
Anteriores experimentos e cálculos ao longo das décadas mostraram que o metano pode ser decomposto em diamantes com pressão e temperatura suficientes, sugerindo que é possível que estejam sendo produzidos no planeta.
Para estudar isso é necessário aquecer e pressurizar o material através do laser até uma temperatura de 4.727 graus Celsius. Os cientistas têm notado que o interior de Netuno emite 2,6 vezes mais energia do que absorve do Sol, o que poderia ser por causa da energia gravitacional lançada pelos diamantes, que se converte em calor gerado pelo atrito entre os diamantes e o material ao seu redor.
Esta técnica poderia então ajudar a entender os processos que ocorrem dentro de outros planetas.
"Nossas experiências estão fornecendo parâmetros importantes de modelos, onde antes só tínhamos uma incerteza massiva. Isto se tornará cada vez mais relevante quanto mais exoplanetas descobrirmos", comenta Klaus.
"Por exemplo, poderemos ver como o hidrogênio e o hélio, elementos encontrados no interior de gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, se misturam e separam sob estas condições extremas. É uma nova maneira de estudar a história evolutiva dos planetas e sistemas planetários, bem como apoiar experiências em direção a potenciais formas futuras de energia de fusão", conclui.