As reservas do templo e do palácio, localizadas no antigo centro da cidade, de uma população estimada de mais de 70 mil pessoas, foram contaminadas por mercúrio, fosfato e cianobactérias que produzem toxinas perigosas.
Suas concentrações foram elevadas nos períodos Pós-Clássico e Clássico Terminal (600-830 e 830-890, respectivamente), o que coincidiu com uma série de graves secas.
"Eles tiveram uma estação de seca prolongada. Durante parte do ano, choveu e estava úmido. O resto do ano, foi seco e quase não choveu, tendo [a civilização] problemas para encontrar água", comenta um dos pesquisadores, David Lentz, em um comunicado da Universidade de Cincinnati.
As fontes destas substâncias teriam sido produzidas pelos próprios habitantes de Tikal, já que o mercúrio, por exemplo, era parte do cinábrio, um dos pigmentos mais utilizados pelos maias. Enquanto a contaminação orgânica ocorreu devido à ausência da coleta de lixo.
A contaminação poderia ter afetado a saúde dos habitantes, entre eles, diversos representantes da elite da cidade.
"A água que bebiam e cozinhavam os governantes de Tikal e suas comitivas de elite era proveniente dos reservatórios do palácio e do templo [...] As águas contaminadas tiveram um impacto negativo na saúde da comunidade e pode ter comprometido a capacidade de liderança dos governantes de maneira efetiva [...]", detalham os pesquisadores.
Além disso, a proliferação de cianobactérias teria tornado a água nos reservatórios contaminados praticamente imprópria para consumo.
"A água tinha um aspecto e sabor desagradável. Ninguém gostaria de beber essa água", indica Kenneth Tankersle, pesquisador do estudo publicado na Scientific Reports.
"A conversão dos reservatórios centrais de Tikal, de lugares que sustentam vida a lugares que induzem doenças, teria praticamente ajudado a causar o abandono desta magnífica cidade", concluem os cientistas.