A RPK-16, da família RPK, acrônimo de Ruchnoy Pulemyot Kalashnikova (Metralhadora Leve Kalashnikov), é mais uma variante da metralhadora criada em 1960 pelo famoso engenheiro russo Mikhail Kalashnikov e vai substituir a versão RPK-74.
Decorrendo ainda as fases de testes, especialistas notaram várias falhas no design, que serão tidas em conta antes de se dar início à produção.
A RPK-16 foi apresentada pela primeira vez no fórum Exército em 2017. Muito semelhante em certos aspectos à já bastante antiga metralhadora RPK-74, foi objeto de uma profunda atualização, sobretudo a nível ergonômico.
Em particular, a RPK-16 foi dotada de um novo e confortável punho de pistola com encaixe para os dedos e o seletor de modo de disparo tem agora uma barra para o dedo indicador.
O comprimento variável da coronha dobrável permite ao atirador ajustar perfeitamente a metralhadora de maneira personalizada, minimizando consideravelmente o recuo da metralhadora.
O calibre permanece o mesmo que o de sua antecessora – 5,45x39 milímetros. Uma de suas inovações reside no carregador, que é de tambor. Enquanto o de sua antecessora continha 45 cartuchos, o da RPK-16 tem 96 munições.
Segundo especialistas ouvidos pela Sputnik, isso é suficiente para uma barragem de fogo densa no campo de batalha.
O peso é de apenas 4,5 quilos, contra os dez quilos da RPK-74, permitindo que seja usada como um fuzil de assalto comum, inovação jamais lograda por qualquer outro fabricante de armas no mundo.
Andrei Kirisenko, campeão mundial de tiro prático que ajudou a desenvolver a RPK-16, salienta "que é possível pegar a metralhadora em suas mãos e usá-la como um simples fuzil de assalto".
Outra característica exclusiva da RPK-16 é permitir a instalação de qualquer tipo de mira ótica – desde a de visão noturna, térmica ou colimadora até a mira especial para atiradores de elite, podendo atingir com confiança alvos a uma distância de até 500 metros.
Um dos problemas da RPK-74 era a impossibilidade de trocar o cano da arma rapidamente. A RPK-16 levou isto em consideração. Para combate urbano é fornecido um cano de assalto com o comprimento de 410 milímetros, para operações militares em geral – outro com o comprimento de 550 milímetros.
Inovar mantendo a confiabilidade
Atualmente, a metralhadora leve mais comum no Exército russo e em outras forças de segurança continua sendo a RPK-74, em serviço desde 1970, tendo ganhado a reputação de arma confiável.
Sua automatização atingiu praticamente a perfeição, razão pela qual os engenheiros que conceberam a RPK-16 optaram por não criar um modelo de raiz, mas tomar como base a RPK-74, arma com provas dadas ao longo do tempo.
Especialistas entrevistados pela Sputnik acreditam que a nova geração de metralhadoras provavelmente também herdará os elementos principais da RPK-74.
Mikhail Degtyaryov, editor-chefe da revista Kalashnikov, opina que a RPK-16 não foi alvo de muita pesquisa. "Portanto, não devemos esperar nenhuma mudança radical. A automatização não será mexida, todas as mudanças serão ergonômicas."
Para o especialista, o caminho que a RPK-16 está no momento percorrendo é o caminho que naturalmente toma todo o tipo de armamento passível de, teoricamente e após os testes e concursos de aquisição, entrar ao serviço das Forças Armadas.
A RPK-16 vem sendo submetida a testes abrangentes há vários anos e em todas as zonas climáticas. Com base nos resultados dos testes, especialistas militares fizeram uma série de considerações e apresentaram propostas que estão sendo tidas em conta.
Aleksei Filatov, ex-combatente da unidade especial Alfa, compartilhou com a Sputnik sua experiência de combate, observando que as forças especiais spetsnaz preferem às RPK-74 as metralhadoras mais pesadas da família Kalashnikov (PK).
A PK também tem seus defeitos: encravava frequentemente e, depois de 200 tiros, devido ao calor era necessário trocar o cano da arma.
"A substituição não era um procedimento longo. Mas sempre tem que levar consigo um cano de reserva, o que reduz a mobilidade. E em uma batalha intensa, o cano substituído não terá sequer tempo para esfriar", afirmou o veterano.
Filatov também referiu que os combatentes das forças especiais preferem o calibre 7,62 mm da PK. Embora a munição de 5,45 mm da RPK-16 seja mais leve, a bala é instável no ar e qualquer pequeno obstáculo, como galhos de árvores na floresta, pode alterar irreparavelmente a trajetória.