Como China responderia aos exercícios militares 'em novo formato' no sul da Índia?

© AP Photo / Rishi LekhiAviões F-18 estacionados no porta-aviões USS Nimitz da Marinha dos EUA
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Dois especialistas deram sua opinião sobre a postura da China em relação aos exercícios navais envolvendo Índia, Austrália, EUA e Japão em meio a uma disputa fronteiriça com Pequim.

O Ministério da Defesa da Índia decidirá o envolvimento da Austrália no exercício naval Malabar, perto do extremo sul do subcontinente indiano, com a participação do Japão e dos Estados Unidos, algo encorajado pelos EUA e o Japão, segundo noticiou na última sexta-feira (3) o jornal indiano The Hindu com referência a uma fonte do Ministério da Defesa do país.

A China pode responder ao novo formato de manobras da Índia através de modernização da Marinha chinesa e de exercícios com o Paquistão com a participação do grupo chinês de porta-aviões no oceano Índico, opina à Sputnik China o especialista militar do Instituto de Estudos Estratégicos da Rússia, Vladimir Evseev.

A Austrália solicitou o status de observador para o exercício tripartite três vezes, em 2017, 2018 e 2019, mas a Índia recusou as solicitações até agora. Os obstáculos formais à participação de Canberra no exercício de Malabar foram removidos pela assinatura em junho de um acordo de apoio logístico mútuo entre a Índia e a Austrália, durante uma cúpula virtual dos respectivos primeiros-ministros Narendra Modi e Scott Morrison. Na sexta-feira (10), a agência Bloomberg relatou que a Índia deve convidar a Austrália a participar dos exercícios navais.

A maioria dos especialistas acredita que a não participação foi devido ao medo de uma reação brusca de Pequim. No entanto, a Índia e a Austrália realizaram o exercício marítimo bilateral AUSINDEX três vezes, expandindo seu conteúdo e dimensão.

Ao mesmo tempo, as partes elevaram o nível de interação para uma parceria estratégica abrangente e também adotaram uma declaração conjunta sobre uma visão comum para a cooperação marítima na região do Indo-Pacífico.

O exercício Malabar deverá ocorrer na baía de Bengala no final deste ano, segundo a mídia. O formato quadrilátero do exercício indica uma tendência crescente para a militarização do chamado "quarteto".

CC BY 2.0 / Simon_sees / Marinha Real da AustráliaMarinha Real da Austrália
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Marinha Real da Austrália

Muitos observadores avaliam o exercício como uma pressão militar e política franca sobre a China, dada a atual tensão fronteiriça entre a China e a Índia.

O recente apoio aberto do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, à Índia no conflito não pode ser ignorado. Na terça-feira (7), o alto responsável dos EUA condenou a China por sua suposta "agressão excessiva" na fronteira com a Índia.

No entanto, a Índia deve estar ciente de que não quer participar de nenhuma aliança formada pelos EUA contra a China, disse o especialista militar russo na entrevista:

"Por exemplo, está se intensificando o processo de [os EUA] envolverem a Austrália em várias atividades militares. Inicialmente, se tratava principalmente de cooperação militar com os EUA, por exemplo, através do estabelecimento de uma base militar, exercícios navais, mas agora os EUA estão promovendo ativamente uma política de cooperação militar multilateral."

Resposta da China aos eventos

De acordo com Evseev, a Índia convida a Austrália a participar dos exercícios navais sob influência de Washington, nos quais Japão também participará. Os exercícios são uma resposta à China, com a qual a Índia tem um conflito armado na fronteira. A China deverá responder a isso, mas a resposta ainda não é muito clara.

"[...] Talvez a resposta [da China] seja no âmbito da cooperação sino-paquistanesa. Este tipo de resposta é bastante óbvia: a China fornece armas ao Paquistão, [pelo que] há todas as condições prévias para fortalecer sua cooperação militar."

A China está modernizando sua Marinha e construindo ativamente navios de superfície e submarinos, disse Vladimir Evseev. Segundo teoriza, é bem possível que a China e o Paquistão realizem exercícios navais no oceano Índico envolvendo navios de guerra chineses modernos, e potencialmente um porta-aviões chinês, em resposta ao exercício Malabar.

A Índia deve entender que a China pode responder a tais exercícios e reforçar sua presença militar na Área de Controle Real (LAC, na sigla em inglês) como resposta a tais alianças, diz.

Chen Xiangmiao, um especialista do Instituto do mar do Sul da China, acredita que a China terá que avaliar o grau de cooperação militar do "quarteto" e usar a diplomacia bilateral para evitar que EUA, Japão, Índia e Austrália formem uma forte aliança estratégica.

"A China precisa primeiro avaliar o grau de cooperação militar entre EUA, Japão, Índia e Austrália. A resposta da China dependerá do conteúdo específico desses laços. Os exercícios militares em si não estão diretamente relacionados à China, mas Japão, Índia e Austrália estão no centro da Estratégia Indo-Pacífica dos EUA, que parece ser dirigida contra a China."

"[...] É importante que a China construa diplomacia a nível bilateral, de como responder à cooperação militar do quarteto de forma a evitar que estes países formem uma aliança estratégica forte", comenta Xiangmiao.

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