O vice-presidente do Comitê Científico Internacional de Pesquisa Antártica, Jefferson Simões, afirma que um dos motivos da decisão é evitar uma possível contaminação dos militares brasileiros que guarnecem as instalações da Estação, dos ocupantes das outras bases científicas e também da própria fauna da região.
"A grande questão são as dúvidas que ainda pairam sobre a COVID-19, o potencial de contaminação. E, evidentemente, nós estamos seguindo recomendações internacionais para, primeiro, evitar qualquer contaminação daquela região, lembrando que nós temos lá isolados, desde março, cerca de 16 militares na Estação Comandante Ferraz, e temos que evitar o contato com eles o máximo possível", diz Simões, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em entrevista à Sputnik Brasil.
"E também temos, é claro, o problema de contaminar outras estações. E finalmente resta uma dúvida, se seria possível uma contaminação da fauna antártica, que são espécies evidentemente protegidas e muito sensíveis a mudanças que venham de outra parte do mundo", acrescentou.
Após um incêndio em 2012, a unidade brasileira de pesquisa na Antártica, Estação Antártica Comandante Ferraz, foi reinaugurada em fevereiro deste ano. Foram investidos US$ 99,6 milhões, cerca de R$ 540 milhões na cotação desta terça-feira (14), e a base brasileira tem uma aérea aproximada de 4.500 m². A obra foi realizada pela estatal chinesa CEIEC Corporation.
A expectativa é que os cientistas voltem à Antártica no verão de 2021-2022, diz Simões. Antes, é preciso que exista uma vacina ou que a pandemia esteja controlada. A distância, contudo, não significa que as pesquisas estejam paradas. "Nós temos muitos dados coletados nas últimas décadas para trabalhar. Vai nos dar, de certa maneira, mais tempo para a execução de tarefas laboratoriais, modelos matemáticos e também publicação desses resultados", diz o professor da UFRGS.