O governo venezuelano confirmou a prisão de três colombianos na quinta-feira (16) que supostamente estavam transportando ajuda humanitária. Caracas indicou que entregaria os alimentos, mas a embarcação e os colombianos seriam detidos para investigações.
"A Venezuela expressa sua vontade de entregar à Cruz Vermelha colombiana ou ao Conselho Norueguês para Refugiados os alimentos destinados a apoiar as comunidades indígenas na Colômbia."
"Contudo, em virtude da suposta comissão de crimes, [...] a embarcação e os membros da tripulação permanecerão sob as ordens dos tribunais nacionais", disse o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em um comunicado.
A chancelaria da Colômbia acusou a Venezuela de deter os três cidadãos colombianos, que levavam ajuda humanitária aos indígenas, quando "eles navegavam nas proximidades do rio Negro, entre San Felipe e Puerto Colombia [fronteiriços]".
"Os três ocupantes do barco colombiano CEJAL 1 transportavam ajuda humanitária concedida pelo Conselho Norueguês para Refugiados: 73 kits de higiene e 73 cestas básicas para as comunidades indígenas que vivem naquela zona fronteiriça", afirmou.
O governo de Iván Duque solicitou a libertação imediata dos três detidos e acusou a Venezuela de violar a livre navegação nos rios comuns, bem como de interromper o trabalho humanitário em meio à pandemia da COVID-19.
Governo venezuelano se defende
A chancelaria da Venezuela explicou que a Guarda Nacional (parte do exército) estava patrulhando para detectar e combater incursões paramilitares da Colômbia, bem como o contrabando de combustível, quando encontrou a referida embarcação no setor Caño Guzmán, em território venezuelano.
De acordo com o relatório das autoridades venezuelanas, a inspeção constatou que o barco não tinha documentos para suportar a carga, que incluía 47 sacos de alimentos, 45 quilos de material metálico, presumivelmente cobre, e 38 galões para transporte de combustível, que ocupavam 80% da embarcação.
As autoridades venezuelanas criticaram o Conselho Norueguês para Refugiados e a Cruz Vermelha por colocar em risco a possível condição humanitária da carga "contratando transportes que, com base nas provas, são sem dúvida utilizados para fins criminosos".