Guterres falou em um discurso em vídeo para estudantes da Universidade Tsinghua da China como parte de uma série de palestras sobre governança climática no mundo pós-pandemia.
O chefe da ONU disse que conversou com os governos, e especificamente os do grupo G20, para pedir que eles realizem recuperação econômica, considerando seis "ações climáticas positivas", uma das quais é "parar de desperdiçar dinheiro com subsídios aos combustíveis fósseis e o financiamento do carvão".
"Não existe carvão limpo, e o carvão não deve ter lugar em nenhum plano racional de recuperação. É profundamente preocupante o fato de novas usinas a carvão ainda estarem sendo planejadas e financiadas, embora as energias renováveis ofereçam três vezes mais empregos e agora sejam mais baratas do que o carvão na maioria dos países", afirmou Guterres.
O secretário-geral da ONU descreveu o processo de recuperação pós-COVID como um "momento decisivo" para atingir as metas ambientais globais acordadas na Agenda 2030 e no Acordo de Paris, a fim de diminuir a quantidade de emissões de gases de efeito estufa em 45% até 2030 e até zero líquido até 2050, além de elevar o aumento anual da temperatura a menos de 1,5ºC.
Guterres apontou para a China, dizendo que, embora as emissões continuem altas, Pequim mostrou "uma clara capacidade de liderança climática" e a maneira como escolhe recuperar sua economia após a COVID-19 terá "um grande impacto" sobre se o clima global os objetivos são alcançados conforme programado.
Segundo o secretário-geral da ONU, nos últimos cinco anos, a China empregou mais capacidade solar e eólica do que qualquer outro país, produziu 99% dos ônibus elétricos do mundo e consumiu 50% de todos os veículos elétricos.
Ao mesmo tempo, especialistas apontam que o consumo de carvão da China tem crescido consistentemente desde a década de 1990 e até acelerado após a pandemia, já que muitas províncias chinesas apresentaram planos para construir mais planos de energia baseados em carvão.