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'Nada indica que nosso caminho será de um desenvolvimento sustentável', diz especialista

© AP Photo / Ng Han GuanOs índices de poluição em Pequim são dos mais altos do mundo.
Os índices de poluição em Pequim são dos mais altos do mundo. - Sputnik Brasil
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A transformação da economia brasileira em economia sustentável vem sendo discutida em larga escala nos últimos anos, principalmente devido às pressões externas e à crise provocada pela pandemia de COVID-19.

Ambientalistas, organizações e economistas de todo o mundo vêm falando sobre a importância da retomada da economia no pós-pandemia, em acordo com a preservação ambiental.

Em 14 de julho foi divulgado o documento "Convergência pelo Brasil", assinado por ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, defendendo a economia de baixo carbono para alertar para a consciência de que o desenvolvimento econômico do Brasil está diretamente relacionado às ações que respeitam o meio ambiente.

O economista e coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Maciel, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que o país tem que lidar com uma etapa anterior que é "superar esse estágio estagnado de desenvolvimento sócio-econômico".

"Os maiores pontos de preocupação no meu entendimento têm a ver com o uso dos recursos hídricos, que são abundantes em geral no Brasil, mas são escassos regionalmente por conta do aquecimento global, que é um fato que tem afetado o regime hídrico", disse ele.

Ao comentar sobre a questão da poluição urbana, o especialista afirmou que para conter a poluição atmosférica é necessário avançar na questão da matriz energética dos meios de transporte.

"Isso é uma política de longo prazo, de caminhar e estruturar uma rede em que você tenha mais veículos elétricos e menos de combustíveis fósseis. E combustível fóssil utiliza mais pra longa distância, o transporte fluvial ou marítimo, de cabotagem, e o ferroviário pra reduzir as emissões dos caminhões", destacou.

Do ponto de vista do transporte urbano, o especialista defendeu os "transportes coletivos de qualidade para abandonar o uso do carro, e a mobilidade ativa, que é caminhar, bicicleta, e outras formas não emissoras de gases que poluem o meio ambiente".

Desenvolvimento sustentável pós-pandemia?

Ao comentar como a situação da crise da COVID-19 afeta as perspectivas de um desenvolvimento sustentável, o economista afirmou que "nesse ponto de vista [a pandemia] tem o efeito contrário no que se refere à mobilidade urbana. Ela empurra a gente para um maior uso dos automóveis individuais".

De acordo com ele, a crise do coronavírus coloca a gente em uma situação de "aumento da pobreza, aumento da informalidade, da insegurança, e, principalmente, ela afeta qualquer aglomeração desse ponto de vista do transporte urbano, transporte de massa, transporte coletivo".

Vladimir Maciel afirmou que, tendo em vista que a pandemia cria condições em que a aglomeração passa a ser letal, em que é necessário se locomover de forma não aglomerada, "a gente vai caminhar para situações em que tenhamos um nível de informalidade, de risco, e de individualidade, do ponto de vista do deslocamento, que pode culminar com o maior uso de carros".

"Então eu acho que a COVID-19 não joga a favor. Alguns podem imaginar que o home office, por evitar que as pessoas saiam de casa, pode ajudar, mas isso é uma parcela das pessoas que vão ficar mais casa e se deslocando menos [...], mas o trabalho e o comércio precisam muito ainda do deslocamento físico. E o que a gente perde no deslocamento de pessoas, a gente vai ter um maior deslocamento de cargas, um maior número de entrega", disse o especialista.

"Nessa retomada, com esse contexto do Brasil ser um país que tem um nível elevado de pobreza, que se acentua com a crise, com os problemas que a gente tem de direito de propriedade, investimento em infraestrutura etc. Nada indica que nosso caminho vai ser de um desenvolvimento sustentável a princípio", completou.

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