Cientistas do escritório da World Wildlife Fund (WWF) no Brasil e três institutos de pesquisa brasileiros encontraram níveis surpreendentes de mercúrio em mais de 400 peixes coletados em cinco regiões do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa.
A pesquisa incluiu peixes de sistemas fluviais incluídos perto de áreas ambientalmente protegidas.
"A concentração excedeu o limite de segurança em 77,6% dos [peixes] carnívoros, 20% dos onívoros e 2,4% dos herbívoros", informaram eles no estudo, publicado no Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública.
"Quatro das sete espécies com as maiores concentrações de mercúrio estão entre as mais consumidas na região"" pelos seres humanos na região, acrescentou.
Comer mais de 200 gramas dessas espécies pode ser prejudicial à saúde de uma pessoa, prosseguiu o estudo.
Os altos níveis de mercúrio na região estão sendo causados pela mineração ilegal de ouro, afirmou o ativista Marcelo Oliveira, da WWF-Brasil.
"O estudo traz dados contundentes sobre o nível de destruição que o garimpo do ouro está promovendo na Amazônia", disse ele à AFP. "Já tínhamos noção do quanto o garimpo destrói a floresta. Agora, temos mais evidências do quanto ele também destrói a saúde das pessoas que vivem na floresta".
O presidente Jair Bolsonaro enfrenta críticas por pressionar a abertura de terras protegidas na Amazônia para atividades de mineração e agricultura. De acordo com ativistas, isso apenas acelerará a destruição da maior floresta tropical do mundo.