As restrições sociais serão diferentes em cada região do país a depender da situação epidemiológica localmente.
"O gabinete decidiu prolongar a quarentena no país [...] até 31 de agosto. Os governos das municipalidades e departamentos terão que tomar medidas para garantir as quarentenas em suas jurisdições", declarou o ministro da Presidência da Bolívia, Yerko Núñez, na noite da sexta-feira (31).
Núñez também afirmou que há uma expectativa do governo de que os números da pandemia na Bolívia cresçam em agosto. Até o momento a Bolívia registra 75.234 casos do novo coronavírus e 2.894 mortes.
No mundo inteiro mais de 17,5 milhões de pessoas foram infectadas com o novo coronavírus e mais de 678 mil mortes foram causadas pela doença, conforme os dados mais recentes da Universidade Johns Hopkins.
Polêmica e crise em torno do adiamento
A continuidade da quarentena no país ocorre em meio a tensões políticas em torno do adiamento das eleições presidenciais no país, marcadas para o dia 18 de outubro com apoio da presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, que segue no poder desde novembro de 2019. Añez, que é candidata nas eleições bolivianas, tem defendido o adiamento das eleições, enquanto a oposição, favorita nas pesquisas, pressiona pela realização do pleito.
O mandato de Añez tinha duração até janeiro deste ano, mas foi prorrogado pela Justiça boliviana até maio, quando as eleições deveriam ter ocorrido. Com a pandemia, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia propôs adiar o pleito com previsão de realização das eleições entre os dias 28 de junho e 27 de setembro.
Já em abril, a Assembleia Legislativa do país, controlada pelo partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), reduziu o prazo para o dia 3 de agosto, ao que Añez protestou. Já em junho, o TSE da Bolívia apresentou nova proposta para adiar as eleições até o dia 6 de setembro, o que foi sancionado pela presidente interina. No entanto, no final de julho as eleições foram novamente adiadas pelo TSE boliviano para o dia 18 de outubro, gerando protestos de rua e aumento a tensão política no país.
Añez assumiu o cargo com o objetivo de organizar novas eleições após militares do país exigirem a renúncia do ex-presidente Evo Morales, acusado de fraudar as eleições no mesmo ano. Morales, que nega as acusações, permanece exilado na Argentina desde que renunciou ao cargo após a exigência das Forças Armadas.