O parlamentar revelou ainda que, se nada de "anormal" tivesse ocorrido", Queiroz estaria trabalhando atualmente no gabinete de Flávio no Senado.
O senador prestou depoimento ao MPF como parte de investigação que apura se a demissão de Fabrício Queiroz, em outubro de 2018, foi motivada por vazamento da operação Furna da Onça.
"A expectativa era que ele [Queiroz] viesse comigo mesmo, sempre foi uma pessoa da minha confiança", disse Flávio, segundo publicado pelo jornal O Globo. O depoimento foi realizado em 20 de julho, mas o trecho só foi revelado neste sábado (1º).
"Se não tivesse acontecido nada de anormal, como aconteceu, ele provavelmente estaria aqui [Senado] comigo hoje", acrescentou o senador.
Deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2018, a operação teve como objetivo investigar esquema de corrupção envolvendo deputados estaduais do Rio de Janeiro. Flávio Bolsonaro não era um dos alvos, mas relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), revelado em dezembro, apontou uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão de Queiroz no então gabinete do filho do presidente.
Paulo Marinho relatou vazamento em maio
A suspeita é de que o antigo assessor de Flávio comandava um esquema de corrupção, conhecido como rachadinha, no gabinete do político, caso que está sendo investigado pelo Ministério Público.
Em maio de 2020, o empresário Paulo Marinho, um dos principais coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro à presidência e atualmente rompido com o mandatário, disse que Flávio foi avisado antecipadamente sobre a operação Furna de Onça, e por isso teria demitido Queiroz. O senador nega as acusações.
Flávio admitiu, porém, que após o surgimento das suspeitas sobre o esquema de corrupção em seu gabinete não havia mais condição de Queiroz trabalhar com ele.
A pedido de Queiroz
"As coisas foram acontecendo nesse cronograma e explodiu essa situação dele em dezembro, dia 6 de dezembro, obviamente que não tinha mais clima dele ir trabalhar comigo", afirmou o senador.
Flávio, no entanto, disse que a demissão do ex-assessor ocorreu a pedido de Queiroz e por questões de saúde.
"Quando ele [Queiroz] pediu para sair ele me falou duas coisas: chefe, tenho que fazer meu processo de passagem para a reserva da PM... Aí ele reclamou comigo que tava saindo sangue nas fezes dele", disse Flávio, mencionando o câncer de Queiroz.