A declaração foi feita em audiência pública virtual da Câmara dos Deputados para discutir a produção de uma vacina para a doença. A vacina em questão está sendo desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Parte dos testes da substância é realizado em voluntários no Brasil.
"Com a graça de Deus e com o avanço da ciência, acreditamos que, em dezembro, talvez já passemos o ano novo de 2021 com pelo menos 15.200.000 de brasileiros vacinados para a COVID-19", afirmou Medeiros, segundo o portal UOL.
O funcionário do ministério informou ainda que, após o recebimento das vacinas pelo governo federal, a distribuição para as Unidades Básicas de Saúde do SUS devem ser concluídas em até 15 e 20 dias. Na prática, isso quer dizer que a aplicação da vacina ainda neste ano é algo improvável de ocorrer, e Medeiros admitiu que era difícil falar em datas precisas.
"Na data de hoje, nos parece muito precoce falarmos exatamente da data em que haverá essa vacinação. Mas a capilaridade de distribuição do nosso SUS é histórica no nosso país" disse o secretário.
Controle de qualidade 'leva tempo'
Por outro lado, o diretor do Instituto Bio-Manguinhos da Fiocruz, Maurício Zuma, disse que o primeiro lote da vacina deve ser distribuído somente a partir de janeiro de 2021, em função do tempo para realizar o controle de qualidade do medicamento, o que, segundo ele, "leva tempo".
"Levando em consideração que a gente vai começar a produção dessas 15.000.000 [de doses] em dezembro e o tempo de controle de qualidade, a gente acredita que comece a liberar as vacinas a partir de janeiro. As outras 15.000.000 que serão produzidas em janeiro, deverão ser liberadas a partir de fevereiro. Obviamente que vai depender de a vacina estar registrada para que possa ser usada", afirmou Zuma.
O governo federal comprará 100.000.000 de doses da AstraZeneca em pelo menos três parcelas de entrega. A primeira será a de 15.200.000 de doses e que o secretário espera aplicar no país até dezembro. O segundo lote, com 15.000.000, será entregue em janeiro de 2021. As doses restantes ainda não têm cronograma definido.
Transferência de tecnologia
O governo brasileiro negocia também acordo para transferência de tecnologia da vacina e início da fabricação no Brasil, o que só deve ocorrer no primeiro trimestre do ano que vem. Após essa etapa ser concluída, o Instituto Bio-Manguinhos estima que produzirá 40.000.000 de doses da vacina contra a COVID-19 por mês.
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— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) July 14, 2020
Durante a audiência, o ex-ministro da Saúde e deputado Alexandre Padilha (PT-SP) criticou o anúncio de datas para a vacinação.
"A vacina gera muita esperança e temos que tomar muito cuidado com a esperança do povo brasileiro. É uma irresponsabilidade falar em datas que a gente não venha a sustentar. A credibilidade que a Fiocruz tem foi construída ao longo de anos. Anunciar vacinação no Réveillon é irresponsabilidade", afirmou ele, segundo o jornal O Globo.