Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 2% ao ano, com corte de 0,25% no valor anterior.
Em nota, o Copom informou não descartar futuros ajustes nos juros básicos, mas ressaltou que as próximas mudanças, caso ocorram, serão graduais e dependerão da situação das contas públicas.
"O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno", escreveu o órgão.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Álvaro Villa, economista da empresa Messem Investimentos, disse que a taxa de juros baixa faz com que os investidores tenham que buscar "medidas mais sofisticadas".
"Essa taxa de 2% representa por si só uma maior dificuldade para o investidor obter uma rentabilidade alta, ou seja, acumular capital a uma taxa alta. Se ele quiser ver esse dinheiro rendendo, ou seja, esse dinheiro trabalhando para ele, ele vai ter que buscar alternativas mais sofisticadas e buscar também tomar riscos. Isso infere muitas vezes também em investir não só em ativos financeiros, como artigos físicos. Ou seja, você acaba aumentando a liquidez do mercado", disse.
"Para o investidor é pior, mas para a sociedade é melhor. Evidentemente que se a taxa do governo vai para baixo, que serve de referência para toda a economia, a taxa para outras aplicações, para os outros investimentos, também reduz. Ou seja, você consegue captar crédito para fazer um investimento a uma taxa menor. Então o que o Banco Central busca fazer com esse movimento é estimular a economia real, não apenas a bolsa e tudo mais", afirmou.
O economista acredita que dificilmente veremos uma escalada de aumentos de juros no curto prazo.
"A expectativa de juros para o longo prazo deve cair. Hoje a gente tem uma situação de desemprego estruturalmente alto. Para a gente voltar para o patamar que a gente estava em 2019, que já era um patamar ruim, a nossa expectativa é que isso só se normalize por 2025, em termos de emprego. Ou seja, a renda da população vai cair. Uma renda mais baixa, infere em um consumo menor, menor demanda, preços menores", completou.