Ele falava sobre o assunto em um painel de discussão on-line com membros do Fórum de Segurança Aspen nos Estados Unidos, moderado pela rede de televisão NBC.
"Compartilhar vacinas ou outras ferramentas realmente ajuda o mundo a se recuperar em conjunto. A recuperação econômica pode ser mais rápida e os danos da COVID-19 podem ser menores", declarou Tedros.
"O nacionalismo das vacinas não é bom, não vai nos ajudar", acrescentou ele em uma alusão à disputa competitiva entre nações e pesquisadores farmacêuticos para criar uma vacina eficaz e pedir o máximo de doses possível com antecedência.
Tedros afirmou na segunda-feira (3) que, embora o novo coronavírus tenha sido a maior emergência de saúde desde o início do século XX, a corrida internacional por uma vacina também foi "sem precedentes".
"Precisamos aproveitar esse momento para nos unirmos em unidade nacional e solidariedade global para controlar a COVID-19", comentou ele no fórum de quinta-feira (6). "Nenhum país estará seguro até estarmos todos seguros".
Ryan fala da vacina russa
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, foi questionado sobre uma proposta de vacina russa. Segundo ele, os dados do ensaio eram necessários para garantir que as vacinas fossem seguras e eficazes.
Ryan também pontuou que as autoridades devem ser capazes de demonstrar a eficácia de uma vacina contra o novo coronavírus por meio de ensaios clínicos tradicionais, em vez de estudos de "desafio humano".
Ele estava se referindo à exposição intencional de voluntários vacinados a um vírus para verificar se a vacina funciona.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quinta-feira (6) que é possível que os Estados Unidos tenham uma vacina contra o coronavírus antes da eleição de 3 de novembro - uma previsão mais otimista do que o tempo apresentado por seus próprios especialistas em saúde da Casa Branca.
Trump acusou a OMS de se tornar um fantoche para a China - onde o surto de coronavírus apareceu pela primeira vez no ano passado - durante a pandemia da COVID-19 e avisou que os Estados Unidos deixarão a agência dentro de um ano.
Os EUA são o maior doador geral da OMS e contribuíram com mais de US$ 800 milhões até o final de 2019 para o período de financiamento bienal de 2018-19.
Mas Tedros, que negou que a OMS responda à China ou a qualquer outro país, afirmou ao painel que o principal dano da iniciativa do governo Trump de sair da agência com sede em Genebra não seria a perda de financiamento.
"O problema não é o dinheiro, não é o financiamento [...] é realmente o relacionamento com os EUA. Isso é mais importante para a OMS - o vazio, não o financeiro. E esperamos que os EUA reconsiderem sua posição", disse.