As medidas de flexibilização da economia e volta às aulas, que vêm sendo adotadas em diversos estados e municípios, já começaram a impactar a média do número de mortes? Quais são as perspectivas para a propagação da doença no país?
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com o médico Alexandre Chieppe, sanitarista da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Para ele é notável o processo de interiorização da transmissão da doença.
"Uma epidemia que começou principalmente no eixo Rio-São Paulo, e a agora a gente vê esse processo de interiorização, com alguns estados como Minas Gerais, estados da região Centro-Oeste e da região Nordeste sendo mais afetados", disse Alexandre Chieppe.
Para ele ainda não seria possível dizer com certeza se o país já atingiu o pico da doença, enquanto não ocorre uma "queda sustentada da transmissão". A doença avança no país, assim como avançou em outros países. No entanto, o tamanho do Brasil torna o processo muito mais complexo, explicou o médico.
"É muito difícil conter a transmissão [do vírus]. A gente consegue frear um pouco, através das medidas de distanciamento social, que também não são fáceis de serem sustentadas por muito tempo. A gente junta um vírus com risco de letalidade, com risco de agravamento significativo e com capacidade de transmissão muito elevada, o que vem a explicar a situação que a gente está vivendo", disse Chieppe.
O especialista destacou que os dados não apontam para o aumento de casos de infecção após o relaxamento do distanciamento social. A manutenção dos números de contágio se daria através do avanço da epidemia para o interior do país.
"Em alguns estados, como Rio de Janeiro, o pico da transmissão foi na primeira quinzena de maio, com redução de casos graves e óbitos", explicou o médico.
"Considerando que esse vírus se propaga muito rapidamente, a perspectiva é de que, também nas próximas semanas, a gente já comece a visualizar uma queda de novos casos no Brasil de uma forma geral, acompanhando a tendência do que a gente observou no eixo Rio-São Paulo", concluiu.