Os raios observados pela Juno mostraram que são formados na atmosfera alta de Júpiter, que é fria demais para ter água líquida, onde a amônia atua como um descongelante, mantendo as nuvens mais frias, que explodem em cristais de gelo conforme o raio sopra.
"Nestas altitudes, a amônia age como um descongelante, diminuindo o ponto de derretimento de água congelada e permitindo a formação de uma nuvem com amônia e água líquida", afirmou Heidi Becker, responsável pela pesquisa de Monitoramento de Radiação da Juno no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
"As fortes tempestades arremessam cristais de gelo a mais de 25 quilômetros acima das nuvens de água de Júpiter, onde encontram vapor de amônia. Ali, o gelo derrete e se mistura com a amônia, formando nuvens. As gotas dessa mistura podem colidir com os cristais de gelo e eletrificar as nuvens", afirmou a física da NASA e coautora do artigo publicado na Nature.
O fenômeno pode indicar o que ocorre nas profundezas da atmosfera do gigante gasoso, que é mais de 100 vezes maior que a Terra.
"Anteriormente, os cientistas notaram que estavam faltando pequenos bolsões de amônia [...]. Estávamos nos esforçando para explicar o esgotamento de amônia [...]. Então percebi que um sólido, como uma pedra de granizo, pode ir mais fundo e absorver mais amônia", afirmou Scott Bolton, principal pesquisador da Juno.
Com isso, os cientistas perceberam que possuíam evidências de que a amônia era misturada com a água na alta atmosfera e, sendo assim, o raio era uma peça fundamental do quebra-cabeça para resolver o mistério da falta de amônia de Júpiter.
"As correntes de ar quente não conseguem segurá-las, então, caem profundamente na atmosfera, onde encontram temperaturas mais altas e evaporam, liberando a amônia", citou Tristan Guillot, físico da Universidade Côte d'Azur e autor principal do artigo publicado na revista científica Journal of Geophysical Research: Planets.