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Vida dos indígenas está ameaçada no Brasil, alerta especialista

© REUTERS / Bruno Kelly Familiares no funeral do cacique Messias Kokama, uma das principais lideranças indígenas de Manaus (AM), vítima da COVID-19, 14 de maio de 2020
Familiares no funeral do cacique Messias Kokama, uma das principais lideranças indígenas de Manaus (AM), vítima da COVID-19, 14 de maio de 2020 - Sputnik Brasil
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Celebra-se neste domingo (9) o Dia Internacional dos Povos Indígenas, enquanto cresce o número de mortes em aldeias em virtude da COVID-19 e crescem as denúncias contra o governo federal, inclusive no Tribunal de Haia, sobre o desrespeito à vida indígena.

Lideranças indígenas acusam o presidente Jair Bolsonaro de não ter tomado as medidas emergenciais necessárias para proteger seus povos da COVID-19. Além disso, essas comunidades estariam ainda mais vulneráveis à pandemia por causa de ações de governo anteriores à chegada da doença, como a redução do programa Mais Médicos, o fim das demarcações de terras indígenas e o apoio de Bolsonaro às atividades ilegais praticadas em seus territórios por invasores, como o garimpo e a extração de madeira.

Segundo Antonio Eduardo Cerqueira, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), não há muitos motivos para celebrar o Dia Internacional dos Povos Indígenas no Brasil.

"A maioria dos povos indígenas hoje está vivendo sob o risco extremo e, ao mesmo tempo, ocorre um processo de violência institucional contra os seus direitos. O atual governo tem implementado uma política de desconsiderar o indígena e, ao mesmo tempo, de cortar o diálogo e toda a política de atenção aos direitos dos povos indígenas no Brasil, incitando a sociedade contra esses povos. Portanto, se agravou a invasão dos territórios e, ao mesmo tempo, chega o contágio por coronavírus que já vitimou mais de 600 indígenas", disse Antonio Eduardo Cerqueira à Sputnik Brasil.

O indigenista condenou a política "integracionista" do atual governo federal, que busca que o índio desocupe os seus territórios para que a iniciativa privada explore suas riquezas. Assim, o "índio tem que deixar de ser índio", alegou o entrevistado, classificado a postura de colonizadora.

"É um governo extremamente autoritário, racista, preconceituoso e que tem feito uma política totalmente contrária à existência dos povos indígenas, à sua resistência e à sua proteção", alertou o secretário executivo do CIMI.

O interlocutor da Sputnik Brasil destacou o aumento da violência contra os povos indígenas desde a suspensão dos processos de demarcação de seus territórios. Para ele, o posicionamento do governo tem servido de incentivo para invasões por parte de madeireiros e do garimpo ilegal.

"Essas dificuldades têm feito com que os povos indígenas sejam colocados em risco. Inclusive povos isolados e povos de contato recente, que estão sendo assediados constantemente e esses povos correm risco de terminar sua existência no Brasil", afirmou Cerqueira.

O indigenista espera que a justiça internacional aceite as denúncias contra a política do governo brasileiro. Para ele, o simples fato da ação ter sido protocolada já gera uma repercussão positiva.

"Vários políticos têm se referido a esse aspecto dessa ação nefasta e genocida contra os povos no Brasil. E não só os indígenas, mas também os quilombolas, as populações tradicionais, e a população da periferia no Brasil", concluiu.
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