No domingo (9), a jornalista Mônica Bergamo publicou no jornal Folha de São Paulo que fabricantes de vacinas estão alertando o governo para a possível escassez de seringas no país para a aplicação da vacina contra a COVID-19 em massa, caso esta seja aprovada por cientistas e pelas autoridades sanitárias.
Para o engenheiro Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), a possibilidade é real e o país precisa criar um planejamento capaz de impedir a escassez de seringas.
"Se nós não tivermos um planejamento factível, nós poderemos correr o risco de termos as vacinas na mão e nas prateleiras e não termos como aplicar nos pacientes. Essa carência não existe, o problema é que o governo vai precisar de uma demanda muito grande de seringas em um espaço muito pequeno para as aplicações", aponta o engenheiro em entrevista à Sputnik Brasil.
"Não há empresa no mundo capaz de fornecer toda a quantidade que o governo precisa com um pedido para entrega em um mês. Nós aprendemos com os ventiladores, aprendemos com os equipamentos de proteção individual, que quando o governo demandou uma quantidade enorme – aliás, o mundo todo demandou ao mesmo tempo – teve falta, preços exorbitantes e ficamos muitas vezes na fila", alerta.
A dimensão de uma eventual campanha de vacinação demanda um planejamento em detalhes, conforme explica Fraccaro.
"Como o Brasil deve se preparar para essa hiper-campanha? Planejando nos mínimos detalhes! Não é só a vacina, que é o elemento mais importante, mas eu vou precisar de seringas, eu vou precisar de álcool-gel, eu vou precisar de protetores para as mãos, luvas, vou precisar, provavelmente, de uma atenção muito grande na distribuição desses produtos, embora o governo brasileiro tenha uma experiência em campanhas de vacinação", avalia.
O engenheiro alerta ainda que o país tem até o final do mês de setembro para definir o tamanho da demanda de equipamentos como seringas e assim garantir que haja tempo hábil para a produção.
"Tudo é uma questão de planejamento, mas o certo é que até o final de setembro as empresas vencedoras para o fornecimento das seringas a partir do ano que vem já deverão ser conhecidas para que elas possam se preparar para o atendimento desse pedido", conclui.