Atualmente o Banco Central subordina-se à Presidência da República e tem seus mandatos designados pelo Palácio do Planalto. Se for aprovado o projeto em tramitação no Congresso, o BC teria autonomia para executar suas políticas econômicas sem supostamente sofrer interferência do Executivo.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Marcel Balassiano, pesquisador da área de economia aplicada da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e do IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), disse que a medida ajuda a tirar o peso político da condução da política monetária.
"A grande questão da autonomia do Banco Central é basicamente para se tirar 'o peso político e do ciclo político da condução da política monetária. [...] Com mandatos não coincidentes com o do presidente da República você diminui uma possível interferência política do presidente no Banco Central", defendeu.
Na mesma linha de raciocínio, o economista Milton Pignatari, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, disse que a autonomia traria uma maior credibilidade à política econômica.
"Essa autonomia traria uma maior credibilidade principalmente com relação às políticas monetárias que estão sendo adotadas como a emissão de dinheiro, a própria estrutura com relação aos bancos, com os créditos, com as vinculações, isso tudo seria sem dúvida uma das coisas que representaria em termos dessa mudança", afirmou à Sputnik Brasil.
Marcel Balassiano acredita que há clima no Congresso Nacional para aprovação da medida.
"Não é uma medida tão polêmica ou difícil de ser aprovada como foi uma Reforma da Previdência ou Tributária, acho que a sociedade avançou bastante nesses últimos tempos e com certeza não é uma das medidas mais difíceis de serem aprovadas. Se há clima político no Congresso ou não, essa pergunta é bastante complicada, mas eu acho que têm chances de passar essa medida sim", acredita.
Apesar do otimismo com a medida, Milton Pignatari pede cautela e diz que não devemos "superestimar" a possível autonomia do Banco Central.
"A gente não pode superestimar essa autonomia do Banco Central como uma solução para todos os problemas do mundo. A gente ainda vai depender de suporte político para adotar as políticas, do controle das inflações dos níveis desejados, na utilização das políticas monetárias e fiscal, de uma maneira que uma estabilidade dos preços consiga atuar. Então só a autonomia do Banco Central não é um fator fundamental para que a gente resolva todas as estruturas econômicas", completou.