A declaração foi dada por Chen em entrevista ao jornalista Jamil Chade, do portal UOL. Para o chinês, a importância de uma boa relação da China com o Brasil é a mesma importância de uma boa relação do país com os Estados Unidos.
Para Marcus Vinícius Freitas, professor visitante de Direito Internacional Público e de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, a declaração de Chen revela que a China deseja exercer cada vez mais influência na América Latina, região historicamente predominada pela influência dos Estados Unidos.
"Para os chineses uma relação comercial intensa com o Brasil é importante até mesmo na movimentação do tabuleiro global. Uma vez que a China faz com que a sua presença no continente latino americano de alguma forma tire aquela situação em que os Estados Unidos predominavam totalmente sobre a região", disse à Sputnik Brasil.
Segundo Marcus Vinícius Freitas, quanto maior a presença chinesa na América do Sul, mais os Estados Unidos são afetados.
"Obviamente o Brasil é um país importante [para os EUA] porque no subcontinente, se nós pensarmos na América do Sul, o Brasil é o país mais importante e, se houver uma aproximação maior com a China, de um modo mais óbvio os Estados Unidos são afetados", afirmou.
"A preocupação chinesa é justamente não alterar essa equação para que a China possa contar com o Brasil como um país líder regional, como um país de liderança global, para que este país de alguma forma, nos assuntos que forem de interesse para a China, se manifeste a favor disso. Não é somente uma relação comercial, mas é uma relação de Estados", explicou.
Marcus Vinícius Freitas entende que o Brasil deveria conseguir saber utilizar a aproximação que tem tanto com a China quanto com os Estados Unidos para buscar seus interesses nacionais.
"É importante para o Brasil de alguma forma conseguir ter a possibilidade de, na equidistância entre China e Estados Unidos, saber utilizar o jogo global no sentido de buscar os seus interesses nacionais conforme as suas necessidades aliando-se aquilo que lhe convém. Então é equivocado nós acharmos que acirrarmos a relação com a China vai ser algo positivo", completou.