Ao final de agosto, o governo brasileiro deverá restabelecer a tarifa de importação de 20% sobre o combustível vindo dos EUA, segundo reportagem do jornal O Globo. Se confirmada, a medida colocaria fim à isenção no pagamento dessa taxa para até 750 milhões de litros de etanol estadunidense.
Na segunda-feira (10), em entrevista a jornalistas, Trump indicou que, mesmo com o bom relacionamento com o Bolsonaro, uma retaliação a produtos brasileiros não estaria descartada em caso de uma reimposição tarifária ao etanol produzido a partir do milho, em lavouras que se localizam principalmente no Centro-Oeste dos EUA, região que serve de base eleitoral republicana.
"Não queremos ninguém nos tarifando, embora eu tenha uma relação muito boa com o presidente [Jair] Bolsonaro. No que se refere ao Brasil, se eles impõem tarifas, nós temos de ter uma equalização de tarifas. Vamos apresentar algo que tenha a ver com tarifas, e com justiça. Porque muitos países, por muitos anos, têm nos cobrado tarifas para fazer negócios, e nós não cobramos deles. E isso se chama reciprocidade, se chama tarifas recíprocas, e talvez você veja algo sobre isso muito em breve", alertou Trump.
Recentemente, o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, foi repreendido por parlamentares democratas por um suposto lobby que estaria fazendo junto ao governo brasileiro pelo aumento da importação do etanol norte-americano – uma medida que, segundo os democratas, teria interesses eleitorais.
No Brasil, a abertura ao etanol dos EUA causou prejuízos aos produtores brasileiros, que não foram beneficiados pelos EUA em relação às tarifas que são aplicadas sobre o açúcar do Brasil, que chega a ter uma carga tributária próxima de 140%. Ao Globo, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi, indicou que Trump não entende o setor.
"Pela fala do presidente Trump, percebe-se que ele não conhece o tema. Ele fala como se nós fossemos estabelecer uma tarifa contra os Estados Unidos, e a tarifa foi estabelecida em 1995, no âmbito do Mercosul", explicou, lembrando as perdas que o setor já teve com a pandemia da COVID-19.