O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, desembarcou em Taiwan no domingo (9) para uma viagem de três dias, tornando-se a autoridade estadunidense de mais alto escalão a visitar a ilha autogovernada, que não demonstrou desejo em quatro décadas de se reunir com a China continental.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, condenou a visita e alertou Washington sobre fazer avanços em direção a Taiwan.
"Em questões envolvendo os interesses centrais da China [...] os EUA não devem alimentar ilusões. Quem brinca com fogo vai se queimar", provocou o funcionário chinês.
A viagem ocorreu em meio a tensões crescentes entre Washington e Pequim e foi usada por Azar para lançar outro ataque à China. Ele culpou Pequim por não alertar a comunidade internacional sobre o novo coronavírus, que se originou em Wuhan no final do ano passado, e por se recusar a cooperar com outras pessoas no combate à doença, permitindo que ela se espalhasse pelo globo. Azar também sugeriu que, se o surto inicial de COVID-19 tivesse ocorrido em Taiwan ou nos Estados Unidos, poderia ter sido "extinto facilmente".
O porta-voz chinês negou as alegações dos EUA sobre o manuseio inadequado da COVID-19 e expressou surpresa pelo fato de o secretário de saúde dos EUA ter decidido deixar seu país quando o novo coronavírus está "fora de controle" lá. Os EUA têm a pior situação com a COVID-19 do mundo, já tendo registrado mais de cinco milhões de casos e mais de 164 mil mortes.
"Ele [Azar] ignorou milhões de americanos que sofriam do vírus e foi a Taiwan para fazer um show político. O comportamento de Azar prova mais uma vez que, aos olhos dos políticos norte-americanos, a vida dos americanos nada significa quando comparada com seus ganhos políticos egoístas", prosseguiu Zhao.
Apesar de romper os laços oficiais com Taiwan em favor da China em 1979, os Estados Unidos apoiam ativamente o esforço da ilha pela independência e continuam sendo seu maior fornecedor de armas.
Apenas no mês passado, o Departamento de Estado dos EUA aprovou um pacote de US$ 620 milhões (R$ 3,3 bilhões) para atualizar o sistema de mísseis terra-ar Patriot para Taiwan, ao qual Pequim reagiu dizendo que imporia sanções a um dos principais contratantes do projeto, a fabricante de armas norte-americana Lockheed Martin.
A China exigiu em várias ocasiões que as entregas de armas a Taiwan fossem interrompidas, apontando que elas violam o princípio de "Uma China" e deterioram ainda mais as relações bilaterais com Washington.