Nesta quinta-feira (13), o médico Adilson Stolet, presidente do Instituto Vital Brazil, e Jerson Lima Silva, pesquisador da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), anunciaram o depósito de uma patente e a submissão de uma publicação após excelentes resultados das pesquisas com soros produzidos por cavalos para o tratamento da COVID-19.
A soroterapia é um tratamento usado há décadas contra doenças e os soros produzidos pelo Instituto Vital Brazil já demonstraram grandes resultados de uso clínico. Os estudos clínicos do novo medicamento ocorrerão em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
Para bióloga Priscilla Palhano, diretora comercial de novos negócios do Instituto Vital Brazil, o soro em desenvolvimento será de grande valia para o país nos próximos meses. Ela explicou à Sputnik Brasil que os cavalos são "peças chave na produção de soros no Brasil".
Como são animais de grande porte, os cavalos são resistentes e podem ser inoculados com vírus ou venenos para produção de anticorpos. Pelo mesmo motivo, os cavalos conseguem produzir o plasma em grande quantidade.
"Por se tratar de produção industrial em larga escala, nós precisamos utilizar animais que de fato consigam dar o suporte à escala produtiva que o país precisa [...] Vital Brazil já trabalha com esses animais há mais de 100 anos. Os cavalos são animais clássicos na produção de soro e essa ideia partiu da nossa diretoria científica", disse Palhano.
A premissa foi simples. Se já existe soro antirrábico aplicado com sucesso a partir de uma partícula viral, por que não produzir com as mesmas técnicas um soro para COVID-19?
"A pesquisa teve o seu início em março deste ano. São feitas seis inoculações nos cavalos. Uma a cada semana. Após cada inoculação a gente vai dosando o nível de anticorpos que esses animais estão produzindo. E aí a gente vai testando a eficiência do nosso processo produtivo", explicou a entrevistada.
Agora, após meses de pesquisas, o instituto já conta com resultados a análises sólidas. Os pesquisadores conseguiram produzir um plasma com 20 a 50 vezes mais anticorpos do que o plasma humano, o que aponta para o sucesso do desenvolvimento do produto.
"O objetivo é a produção de um soro", acrescentou Palhano. No caso da vacina, a pessoa recebe uma carga viral mínima para o corpo poder produzir anticorpos em caso de uma exposição à doença. No caso do soro, o paciente recebe os anticorpos prontos.
"Geralmente, quando um paciente chega ao nível de receber o soro, ele não tem condições de produzir uma resposta imunológica própria a tempo para combater a doença [...] no soro os anticorpos vem prontos para combater de imediato o vírus no organismo humano", disse a bióloga à Sputnik Brasil.
Segundo Priscilla Palhano, agora que foi dada a entrada na patente, o Instituto Vital Brazil "vai estreitar a relação com a Anvisa e o Ministério da Saúde" para poder discutir os protocolos de registro, estudos clínicos e outros aspectos técnicos relacionados à definição da produção e negociar os contratos de fornecimento ao SUS.