Em 13 de agosto, Taipé propôs aumentar os gastos militares de cerca de US$ 14 bilhões (R$ 75,44 bilhões) em 2020 para US$ 15,4 bilhões (R$ 82,98 bilhões) em 2021, um aumento de 10%.
A enviada taiwanesa aos EUA, Hsiao Bi-khim, disse que Taiwan precisa expandir suas capacidades militares, e que a prioridade de Taipé é fortalecer a proteção da própria ilha, bem como das ilhas que Taiwan controla atualmente no mar do Sul da China.
Para atingir a meta, o governo de Tsai Ing-wen está atualmente trabalhando com os EUA na aquisição de vários sistemas de armas, mísseis de cruzeiro e minas submarinas de produção norte-americana.
De acordo com a agência Reuters, também estão em andamento negociações para a venda de quatro drones de reconhecimento norte-americanos a Taiwan, com alcance de mais de 11.000 quilômetros, o que contrasta com o alcance da atual frota de drones de Taiwan, que é de menos de 300 quilômetros.
Os drones têm o potencial de proporcionar a Taipé melhores capacidades para observar o continente e monitorar as forças aéreas, mísseis e outros alvos estratégicos.
O acordo vale US$ 600 milhões (R$ 3,23 bilhões), enquanto o orçamento militar de Taiwan para o próximo ano poderá crescer em US$ 1,4 bilhão (R$ 7,54 bilhões).
Opinião de analistas
A ameaça militar da China continental é apenas um pretexto para aumentar os gastos militares, afirma Aleksei Maslov, diretor do Instituto do Extremo Oriente da Rússia, à Sputnik China.
"Estritamente falando, não há razões objetivas para aumentar o orçamento militar. A China continental não tem aumentado a pressão sobre Taiwan ultimamente. É mais uma questão de seguir a política americana, as exigências americanas", aponta.
Segundo o especialista, este orçamento será utilizado em parte para comprar armas dos EUA, em virtude dos recentes acordos para expandir a assistência militar entre os EUA e Taiwan.
Essas ações só levarão a uma escalada das tensões na região, prevê Maslov.
"Isto deverá provocar uma reação muito forte por parte de Pequim. Mesmo agora, a situação na área do mar do Sul da China está piorando visivelmente. O agravamento da situação no estreito de Taiwan também levará a uma forte deterioração das relações entre os dois litorais, o que deverá criar eventualmente outra zona de tensão na região."
Segundo especialista, é "mais um passo para [os EUA] cercarem a China através de um amplo perímetro de diferentes zonas de conflito".
Por sua vez, Zheng An'guang, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Nanking, China, admite que "ultimamente, no estreito de Taiwan, as forças armadas continentais chinesas têm realizado constantemente certas atividades, concentrando ali grandes formações de navios e aviões de guerra".
"Isto coloca alguma pressão sobre o Partido Democrático Progressista de Taiwan, por isso a administração da ilha precisa aumentar os gastos militares para usar armas e contrariar o caminho da reunificação da ilha com o continente, [que] é um dos objetivos de aumentar os gastos militares em Taiwan", disse An'guang.
Outros objetivos, de acordo com o especialista, são "aumentar as compras de armas norte-americanas para mostrar simpatia pelos Estados Unidos" e "mostrar o potencial acrescido do Exército de Taiwan".
"As compras de armas americanas são uma ferramenta para provocar tensões entre a China continental e os Estados Unidos", opina. "Estas intenções políticas de Taiwan, em minha opinião, são mais do que óbvias."