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Altos e baixos: como startups foram afetadas pela pandemia no Brasil

© Folhapress / Bernardo DantasPorto Digital é um parque tecnológico que funciona como incubadora de startups e empresas que querem se instalar na região. A startup In Loco Media, faz anúncios baseados em localização para grandes empresas
Porto Digital é um parque tecnológico que funciona como incubadora de startups e empresas que querem se instalar na região. A startup In Loco Media, faz anúncios baseados em localização para grandes empresas - Sputnik Brasil
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Com a economia extremamente abalada pela crise do coronavírus, as startups brasileiras se viram impactadas com os desafios impostos pelas medidas de isolamento, umas positivamente e outras de forma negativa.

Segundo estudo da FDC e da Órbi Conecta, mais de 30% das startups brasileiras foram impactadas positivamente pela pandemia. Em contrapartida, muitas empresas do setor também foram afetadas negativamente pela crise do coronavírus.

Para Felipe Barreto Veiga, sócio do escritório BVA Advogados e advogado reconhecido no mercado das startups e de tecnologia, as empresas que se fortaleceram durante a pandemia o fizeram em função do modelo de negócios adotado, ou do mercado no qual atuam.

Em função das medidas de isolamento social, adotadas em praticamente todo o país, o consumidor ficou impedido de sair de casa e de realizar a compra de seus produtos do dia a dia ou alimentação diretamente nas lojas e nos supermercados.

"As startups que foram afetadas positivamente são justamente aquelas que já estão completamente inseridas ou são nativas do ambiente eletrônico ou digital. [...] Alguns mercados acabaram se favorecendo. Até pelas questões de oportunidade trazidas pela própria pandemia. Um exemplo claro de startups que se favoreceram são as de aplicativo de entrega, como é o caso do Ifood e da Rappi", disse Felipe Barreto Veiga à Sputnik Brasil.

O advogado destacou que a crise também ampliou o crescimento de empresas do setor de e-commerce e de marketplace.

"A prova disso é o crescimento da avaliação da Amazon nos Estados Unidos e de outras companhias abertas aqui no Brasil, como é o caso do Via Varejo e da Magalu [Magazine Luiza], que estão apresentando uma performance acima da cesta de ativos que hoje compõem o Ibovespa", acrescentou o entrevistado.

Uma boa inserção no ambiente digital e on-line, no entanto, não é uma garantia por si só, destacou o especialista. Muitos modelos de negócios foram muito prejudicados pela pandemia.

"Outros aplicativos, como Uber, por exemplo, tiveram uma grande redução no número de corridas. É o caso da 99 também, porque o consumidor dessas plataformas não estava se movimentando como se movimentava antes da quarentena e da pandemia", ponderou Veiga.

No mesmo barco

Felipe Barreto Veiga destacou que as startups, apesar de um modelo de negócio diferenciado, enfrentam os mesmos problemas que todas as empresas brasileiras.

"São os problemas básicos de todo pequeno e médio empresário brasileiro e até estrangeiro. São os problemas relativos ao fluxo de caixa, inadimplemento e demora nos pagamentos a serem realizados pelos clientes, problemas com os fornecedores, problemas de logística e até problemas de circulação, dado que maior parte dos governos dos estados e municípios declararam quarentenas por todo país", disse o advogado.

O interlocutor da Sputnik Brasil elogiou os benefícios do governo federal e da pasta de Economia às empresas, como o adiamento do pagamento de impostos e liberação de crédito, bem como incentivos para redução da folha de pagamento e da carga horária. No entanto, segundo ele, a demanda foi tão elevada, que os recursos não foram suficientes.

"Algumas das medidas trazidas pelo governo foram efetivas, porém outras acabaram não chegando diretamente nas startups. É o caso, por exemplo, de alguns incentivos financeiros dados ao longo da pandemia, como os empréstimos feitos pelo BNDES [...] Apesar de ter sido disponibilizado um volume bem alto de empréstimos pelo governo, esse recurso acabou rapidamente, porque muita gente estava precisando", lamentou ele.

Segundo Felipe Barreto Veiga a incerteza na economia afeta "onde dói mais na startup" que, é o caixa. Ele explicou que essas empresas, normalmente, já trabalham com caixa reduzido, ou com comprometimento desse caixa.

"Essas startups gastam mais do que ganham justamente para alcançar um crescimento exponencial, que é o grande objetivo de boa parte de startups, principalmente daquelas que querem se tornar unicórnio [startup com avaliação de preço de mercado no valor de mais de 1 bilhão de dólares]. Com toda essa incerteza no mercado - com as pessoas ficando mais em casa, escritórios fechados, comércio fechado - essas startups tiveram uma grande afetação em seu caixa e nas suas receitas. Isso significa que elas ficarão sem caixa mais rapidamente", concluiu o especialista.
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